No seu trabalho, o ilustrador preza pela variedade de materiais, explora as imagens a partir de colagens e costuma utilizar, como base, tinta acrílica e têmpera. Mas, nesse quesito, ele não restringe as possibilidades, pois acredita que o livro infantil deve estimular a reflexão e o prazer pela fantasia, independentemente da técnica empregada. Escritor dos próprios livros, ele explica que assumir esses dois lugares autorais gera um efeito diferente de criar ilustrações para histórias de outros. Nas obras assinadas unicamente por ele, a cadência das palavras é estruturada junto às imagens, como se tudo fosse pensado visualmente. “Mesmo quando o texto se apresenta primeiro, o meu pensamento visual formula situações que, muitas vezes, me fazem mudar as palavras”, observa.
O livro Cartão postal traz texto de Luiz Raul Machado. Imagem: Reprodução
O artista costuma dizer que está sempre “confabulando imagens”, expressão que dá título ao seu blog, no qual é possível acompanhar seus últimos lançamentos editoriais, trabalhos gráficos diversos, além de informações sobre o curso de ilustração que ministra. Entre seus livros mais recentes, estão Lino (Editora Callis), Maroca e Deolindo (Editora Paulinas) e Obax (Editora Brinque-Book), sendo este último o vencedor do Prêmio Jabuti 2011, na categoria infantil.
Ilustração desenvolvida para a Feira Nacional de Literatura Infantojuvenil (FNLIJ),
em Bolonha. Imagem: Reprodução
Também foi Obax que permitiu o episódio de reconhecimento mais marcante de sua carreira, quando uma pequena leitora declarou para André que gostaria de morar em uma casinha igual à do personagem. “Na ocasião, ocorreu-me o Monteiro Lobato, porque ele dizia que um dia ainda acabaria fazendo livros em que as crianças pudessem morar. Tem prêmio maior?”
Autor explora diferentes materias e técnicas, como a colagem para Carmela Caramelo. Imagem: Reprodução
Seus traços, cores e humor suaves estão sendo empenhados em um novo projeto pessoal, uma publicação intitulada TOM. Já Malvina e Tra le nuvole, livro publicado na Itália cujo título em português significa “entre nuvens”, estão na fase final de confecção. Embora leve regularmente novidades às livrarias, André também comunga o sentimento de grande parte dos escritores que tem dificuldade em terminar uma obra. “Entregar um livro para impressão é uma dor. Sempre fico com a sensação de que poderia ser diferente, de que poderia mais. Por um lado, acho isso bom, porque essas insatisfações trazem boas descobertas para os próximos projetos”, conclui.
GIANNI PAULA DE MELO, repórter da Continente Online.