A sua percepção aguçada provavelmente advém do olhar que estranha, próprio dos forasteiros. Tal como o poeta Nicolas Behr, que constrói em sua antologia poética Braxília uma cidade imaginária, Zel Nunes também cria uma cidade, tomando como referência uma outra, também inventada. Além do próprio espaço, as influências para as fotos vêm de movimentos artísticos. Do Construtivismo, absorve a abstração geométrica, do Cubismo, os planos e volumes – e, da Arte Abstrata, a supremacia das formas, cores e detalhes sobre a figura ou representação. “Sou muito geométrico e gosto de destacar as linhas e curvas como componentes fundamentais dessa geometria”, define. Dessa forma, o artista é capaz, até mesmo, de transformar o estático em sensação de movimento.
STRNG CNVRSTN (strange conversation)
Historiador por formação, Zel Nunes não se considera fotógrafo, tampouco vive de fotografia. No entanto, desde criança, tem contato com as artes visuais. Na sua família, tudo era motivo para fotos, o que acredita ter influenciado o seu olhar.
É, sobretudo, um experimentador agraciado pelas novas possibilidades do mundo digital e nunca fez sequer um curso de fotografia. “Para mim, aulas me enquadrariam, tirariam minha espontaneidade e disso eu corro léguas a fio.”
Em seus trabalhos, percebem-se elementos da Arte Abstrata, do Cubismo e Construtivismo
Conhecido no site de compartilhamento Flickr (/zelnunes), Nunes é um defensor das novas mídias e acredita que a arte só ganhou com a evolução dessas ferramentas. “Tem muita gente boa compondo imagens maravilhosas por causa da digitalização.”
Através de enquadramentos singulares, o artista brinca com cores, ritmos e repetições
Para ele, a câmera acaba virando uma companheira de todos os momentos em um contexto de necessidade de ser entendido pelo mundo globalizado. “Faço composição visual e uso a fotografia como veículo.”
CHICO LUDERMIR, estudante de Jornalismo e estagiário da Continente.