“Quando a gente vem a uma cidade assim, um nome desse é um presságio”, brincou Renato Teixeira em entrevista sobre a cidade sul-mato-grossense. Ele, que é paulista, tem um verdadeiro fascínio pelas bandas de cá; o amigo, que traz para música sertaneja suas influências do rock e blues, e os compositores tradicionais da música local têm forte influência nesse aspecto. “Imagine eu, quando era menino, morando em Ubatuba nos anos 1950. A cidade tinha seis quarteirões, um caminhão e um automóvel. Quando se falava em Mato Grosso do Sul, as pessoas pensavam numa aventura. Meu pai gostava das músicas de Zacarias Mourão [compositor e poeta do norte do estado]. Quando encontrei com o Almir, tinha essa referência, uma coisa existencial. Ele me contou do Pantanal e o Pantanal contado pelo Almir é tão bonito quando visto com seus próprios olhos”, afirmou Teixeira.
AR, título do show, vem da junção das duas primeiras letras de Almir e Renato e fez com que o público se espalhasse ao longo de toda a Praça da Liberdade. Uma plateia formada não só por habitantes de Bonito, como de Sidrolândia e outras cidades mais próximas.
Como muitos sabem, Bonito é conhecida por sua vocação para o ecoturismo, nesta época do ano, tem a temperatura mais amena durante o dia, mas com quedas durante à noite – cerca de 17 graus ou até menos. Isso, contudo, está longe de impedir a população local e os turistas de saírem às ruas: não cessam de frequentar os palcos e as outras programações do festival. Um dos pontos de grande circulação nos intervalos entre os shows da Praça da Liberdade (foco principal do evento) é a Tenda do Artesanato e a Tenda Indígena, onde etnias locais podem expor elementos da sua cultura, dialogar com os que circulam ali. Apesar de um pequeno atraso da apresentação, teve gente que aproveitou para visitar esses outros espaços.
Na quinta-feira (26/7), abertura do festival, o cantor paranaense Michel Teló, famoso internacionalmente por sucessos do sertanejo universitário, fez questão de incorporar Tocando em frente ao seu repertório, além de ritmos fronteiriços, como a guarânia (de origem paraguaia) e canções de seu grupo musical Tradição, anterior à sua carreira solo. Além disso, convidou ao palco um dos homenageados desta 19a edição do Festival de Inverno de Bonito, o músico Amambay - que fazia dupla com o saudoso Amambaí -, um dos ícones da música tradicional sul-mato-grossense, com mais de 50 anos de trajetória musical. “A melhor coisa para o compositor é quando ele faz uma canção que o emociona. Então, ele está sempre em busca disso”, disse Almir Sater. Pela maneira que o público presente acompanha as letras, a emoção esteve visivelmente presente.
*A repórter viajou a Bonito a convite da Secretaria de Cultura e Cidadania do Governo do Mato Grosso do Sul