Arte e afeto unem o coletivo Maumau. Acreditando na interação entre as diferentes linguagens da arte, como igualmente nos laços de amizade vinculados à produção artística, a Maumau Laboratório chega ao seu segundo ano promovendo oficinas experimentais de produção e prática artesanal durante todo o mês de outubro e meados de novembro. Tudo oferecido gratuitamente, com as inscrições podendo ser feitas pelo e-mail maumaugaleria@gmail.com . Os laboratórios se iniciam no dia 9 de outubro e se encerrarão no dia 11 de novembro.
Este ano, serão três oficinas. A primeira delas, A ferro e fogo, ministrada por Clélio Freitas, pretende unir os conhecimentos técnicos da fundição com um trabalho mais sensível. A ideia do laboratório é ensinar o básico sobre técnicas de fundição em alumínio, transitante entre o “utilitário e o artístico”, no entanto, sem abandonar as próprias referências e sensibilidades dos participantes. A segunda, Macete certo, por sua vez, propõe-se a praticar a marcenaria e, ao mesmo tempo, refletir sobre essa prática. Com Romildo Roma, a ideia é empoderar os participantes em suas criações.
Por fim, o último laboratório pretende utilizar a bicicleta como ferramenta de expressão, seja política ou artística. A Radio Bike, ministrada por Fabiana Tubino – da Bicicletaria Mapuche, uma ação já existente dentro da Maumau – e com colaboração de Vitor Maciel e Fábio Moura, discutirá as questões de mobilidade urbana, ações ciclísticas, mesclando-as com as linguagens artísticas. A customização, automecânica, gambiarra, serão a prática da reflexão acerca do urbano, da mobilidade, do ativismo. Segundo Lia Letícia, coordenadora da Maumau junto com Irma Brown, a ideia da mobilidade urbana está intrinsecamente ligada à vivência, assim sendo, a vivência também nos proporciona as referências para todo e qualquer tipo de trabalho.
“Uma das coisas que tentamos com o laboratório é divulgar em escolas públicas, a gente precisa oxigenar esses locais. É bem difícil, nesse momento político do país, com retrocesso para a arte. É preciso chegar a camadas que normalmente não conseguimos chegar”, explica Lia Letícia, em entrevista à Continente.
Para ela, a interação entre as diferentes linguagens de arte é algo já existente, porém, no Recife, existe uma dificuldade de espaço para abranger obras e artistas híbridos. A proposta da Maumau, também enquanto galeria, é de promover justamente um espaço integrado, em que as diferentes expressões se unam e conversem. Usando o próprio exemplo de Lia, “o público que vai sabe que encontrará um trabalho mais integrado, não somente um quadro ou pintura na parede”.
Além das oficinas, a galeria abrirá para exposição de artistas que, segundo a coordenadora, “nunca fizeram uma exposição individual e nem encontraram espaço para isso”, através do edital Lançamento de Artista. A Residência Verde, outra ação embarcada na Maumau, é uma convocatória para artistas internacionais que mesclam, em suas criações, obras que dialogam com o meio ambiente e a ecologia.
EDUARDO MONTENEGRO, estagiário da revista Continente e estudante de jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap)