Curtas

Bonecos do mundo

Festival volta ao Recife depois de cinco anos, com espetáculos no Teatro de Santa Isabel e no Parque 13 de Maio, todos com acesso gratuito

TEXTO Eduardo Montenegro

06 de Dezembro de 2017

Festival é um momento mágico em qualquer agenda cultural

Festival é um momento mágico em qualquer agenda cultural

Foto Beto Figueiroa/Divulgação

“É com muita saudade que retornamos ao Recife. Com muita saudade e carinho”, anuncia Lina Rosa, idealizadora e curadora do Sesi Bonecos do Mundo, festival que retorna à cidade após cinco anos, período no qual foi realizado em outras localidades do Brasil. Este ano, o evento – de 6 a 10 de dezembro – ocupa dois lugares centrais do Recife: o Teatro de Santa Isabel, que abarca os três primeiros dias da programação (ingressos disponíveis a partir das 12h), e o Parque 13 de Maio, onde se dão as demais apresentações (confira aqui programação completa).

Tudo começa com o espetáculo Alice live, inspirado em Alice no País das Maravilhas, do grupo Giramundo (MG) e com participação da banda Pato Fu. “É a primeira vez que uma banda fica atrás, não é atração principal. Não é 'Pato Fu com participação de bonecos', mas o contrário”, diz Lina Rosa à Continente.

Um outro destaque na programação deste ano é o grupo francês Plasticiens Volants, com o espetáculo Pérola. Eles chamam atenção por suas estruturas gigantescas, bonecos que navegam e nadam no espaço livre dos céus, usando estruturas de bambu. É a primeira vez, também, do grupo no Brasil para apresentação de um espetáculo. “É um sonho que sempre tive, trazê-los para cá. Ainda não consegui patrocínio para bancá-los, com toda a estrutura. Estou disposta a pagar, como pessoa física, caso não consiga”, comenta a curadora.

Destaca-se ainda a homenagem do festival ao mamulengo, com uma exposição de mais de 300 bonecos, a maioria concedidos por Magda Modesto – uma das maiores pesquisadoras da área. No 13 de Maio, estará a "Praça dos Mamulengos", com os mestres Tonho e Daniel de Chico esculpindo suas criações durante a exposição.

A potência do teatro de bonecos, para Lina, está na potência do público e, no caso do festival, em deslocar os bonecos para lugares gigantescos e consagrados entre os espaços cênicos da cidade. Quando se pensa em teatro de bonecos, normalmente se enxerga as apresentações em ambientes pequenos, fechados, quase marginalizados. Segundo as palavras da curadora, há uma experiência de teatro acontecendo, com controle de luz, de som etc. – algo que ela define como a “mágica do teatro”. O propósito disso é a valorização dessa arte e, também, estreitar as relações entre diferentes classes, num propósito de transformação. Lina acredita que locais como Teatro de Santa Isabel não são vistos, pelas classes mais baixas da sociedade, como um local seu: por ser um evento gratuito, a facilidade de ocupação desses espaços tem um objetivo de união de “diferentes classes, orientações sexuais, religiões, cores etc.".

"É a ocupação do espaço público pelo público, através da arte."

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