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Pautas: 15 temas que se destacaram

TEXTO Revista Continente

01 de Janeiro de 2015

[conteúdo vinculado à reportagem especial de aniversário | ed. 169 | jan 2015]

1. TV E TELEDRAMATURGIA


Imagem: Arquivo Continente

A produção televisiva circulou pelas páginas da revista em análises sobre os reality shows – verdadeira febre no início dos anos 2000, que gerou muita discussão, relembrando obras como 1984, de George Orwell –, ou no boom dos seriados televisivos, que têm conquistado cada vez mais público, devido às novas plataformas de consumo, como a Netflix. O papel seminal da telenovela na cultura brasileira não foi esquecido. Em setembro de 2005, a capa foi dedicada à teledramaturgia, analisada e discutida sob diversos olhares, com viés também histórico. Em junho de 2011, a temática voltou às páginas da Continente, dessa vez, com foco sobre como o Nordeste é retratado nos folhetins e os artifícios do gênero para seguir na preferência nacional.

2. O ROSTO DE CAPA


Imagem: Arquivo Continente

Em abril de 2007, a atriz pernambucana Hermila Guedes – que estava em evidência, após o lançamento do filme O céu de Suely. Um perfil dela, feito pelo crítico Alexandre Figueirôa, abria a matéria, que tratava do momento positivo vivido pelo cinema pernambucano. Em fevereiro de 2012, a atriz voltou à revista, numa matéria de Cleodon Coelho, sobre a trajetória de luta e o sucesso dos atores pernambucanos na TV. A atriz rivalizou com Ariano Suassuna e Antonio Nóbrega, as figuras que mais apareceram na nossa capa.

3. ATOS DE TERRORISMO


Imagem: Arquivo Continente

O ano do surgimento da Continente foi marcado pelo ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. A edição de outubro daquele ano trouxe a discussão sobre as causas de guerras. Naquele momento, o atentado em si não foi discutido. Afinal, seus desdobramentos ainda estavam em curso. Porém, em novembro de 2003, a revista tratou diretamente do terrorismo, a partir do ocorrido, mas lançando um olhar para as manifestações do terror ao longo da história. O debate não se encerrou por aí. Em setembro de 2006, aproveitamos o marco dos cinco anos do atentado para rediscutir o assunto.

4. GÊNEROS MUSICAIS


Imagem: Arquivo Continente

Algumas entrevistas realizadas ao longo desses 15 anos se destacaram. Dentre elas, as de Caetano Veloso (nº 2, 2001), Chico Buarque (nº 7, 2001), Gilberto Gil (nº 11, 2001) Lenine ( nº 40, 2004), Hermeto Pascoal (nº 44, 2004), que se transformaram em capas icônicas. Alguns gêneros foram temas reincidentes, como o tropicalismo, a bossa nova, o frevo e o manguebeat. Dos artistas pernambucanos, Luiz Gonzaga foi o nome mais frequente, seja em citações, reportagens, especiais ou brindes. A música pernambucana se fez presente em diversas matérias sobre lançamentos de discos de artistas, como Geraldo Maia e Quinteto Violado.

5. FUTEBOL É CULTURA


Imagem: Arquivo Continente

Desde 2001, foram quatro Copas. Em maio de 2002, mês que antecedia o início do torneio, a revista publicou material que lançava um olhar sobre o esporte bretão, destacando como ele aparecia na literatura, no cinema, na televisão. Nos meses de junho dos anos de Copa, o futebol se fez presente: em 2006, em matéria sobre a sociologia do torcedor; em 2010, numa edição temática, com crônicas, reportagens, artigos e ensaios fotográficos voltados exclusivamente ao tema; em 2014, ano da Copa no Brasil, numa reportagem sobre essa “paixão nacional”.

6. TUDO PELA ARTE


Imagem: Arquivo Continente

A edição de número zero da Continente saiu do forno em dezembro de 2000. Na capa, uma ampla matéria com o artista pernambucano João Câmara. Nesses últimos 15 anos, diversos artistas figuraram nas páginas da revista, fossem eles clássicos internacionais, a exemplo de Van Gogh, Rembrant, Goya, ou nomes importantes das artes brasileiras, como Francisco Brennand, Cícero Dias e Portinari. Ao longo desse período, a revista pôde acompanhar o avanço da arte contemporânea em Pernambuco, a descoberta de artistas, como Paulo Bruscky, que trabalhou durante muitos anos no quase anonimato, só recebendo neste século o reconhecimento merecido. Uma nova geração de artistas, cuja trajetória se iniciou também nos 2000, teve seus trabalhos e carreiras registrados pela Continente, a exemplo de Rodrigo Braga, que apareceu, inicialmente, em reportagens sobre ações coletivas e, nos anos seguintes, protagonizou matérias específicas sobre o seu trabalho.

7. FAZER JORNALÍSTICO


Imagem: Arquivo Continente

A prática jornalística também tem sido discutida pela revista. Norman Mailer, figura emblemática do novo jornalismo norte-americano, e o professor José Marques de Melo, umas das maiores referências nacionais na área, foram nossos entrevistados. Os 50 anos do rádio no Brasil e a polêmica envolvendo a obrigatoriedade do diploma tornaram-se assuntos de capa. Na edição número 100 – que marcou o mais recente projeto gráfico e editorial da revista –, há uma abrangente reflexão sobre a prática do jornalismo cultural hoje – um processo de metalinguagem. Pesquisadores e jornalistas culturais dos mais variados veículos foram ouvidos pela jornalista Danielle Romani, na busca de um panorama sobre a prática no Brasil, destacando as publicações que fizeram história e seus grandes personagens.

8. O BOM HUMOR


Imagem: Arquivo Continente

A graça e o riso sempre estiveram presentes na Continente. Nas primeiras edições, a revista publicou charges e cartuns, convidando nomes da cena local, como Sávio Araújo e Lailson. Hoje, a última página da revista é ocupada por uma Criatura, caricatura de um personagem do universo cultural. Mas o humor também foi tema de matérias aprofundadas, a primeira em março de 2007, que traçava um panorama histórico do humor impresso e gráfico no Brasil, trazendo também um olhar sobre a produção pernambucana. Em julho de 2011, a discussão foi sobre a relação da sociedade com o riso, já que ele chegou a ser associado ao “pecado original”. Em dezembro passado, Débora Nascimento fez reportagem sobre como o humor tem se manifestado na internet, em especial nas redes sociais.

9. QUESTÕES DA CIDADE


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A opinião pública está hoje mobilizada em torno das cidades e de seus impasses. Esse interesse tem feito a temática ganhar espaço nas publicações culturais. Nos últimos dois anos, a Continente trouxe discussões como: a convivência entre espaços hiperdesenvolvidos e arcaicos no mesmo tecido urbano (abril 2012); a babel sonora dos espaços públicos (janeiro 2013); o cicloativismo (abril 2013); a importância do verde (setembro 2013); o legado da arquitetura moderna (maio 2014); e, mais recentemente, a relação do design com a cidade (novembro 2014).

10. CINEMA FEITO AQUI


Imagem: Arquivo Continente

O cinema nacional começou sua retomada na década de 1990. Nos anos 2000, a produção galgou mais espaço, não só no país, como fora dele, com a indicação de Cidade de Deus (2002), de Fernando Meireles, ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A revista discutiu algumas de suas características, com atenção na produção pernambucana, que vive uma fase profícua, desde O baile perfumado. A cada conquista da cinematografia local, a Continente dedicou matéria. Em abril de 2001 (nº 4), a capa trazia a chamada: “Luzes e câmeras no Nordeste”, destacando que a região era o cenário das melhores produções da época. Oito anos depois: “Fábrica de cinema – nunca se produziu tanto filme em Pernambuco”, dizia a manchete da edição 106, em outubro de 2009. Mais recentemente, com nova safra de realizadores, foi assunto de destaque, com alguns filmes: Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro, A história da eternidade, de Camilo Cavalcante, Tatuagem, de Hilton Lacerda, e O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho.

11. SALTOS TECNOLÓGICOS

Imagem: Arquivo Continente

A Continente surgiu no início da popularização da internet e de tecnologias que hoje fazem parte de nosso dia a dia. Desde então, a publicação debate esses avanços, buscando entender seus impactos na sociedade, em especial no campo da cultura. As temáticas ligadas à tecnologia surgiam muitas vezes a partir de obras, como a trilogia Matrix. A matéria de capa de julho de 2003, questionava: “A realidade existe?”. Para responder à pergunta tão complexa, foram ouvidos Jean Baudrillard e Edgar Morin. Em março de 2008, a reflexão foi sobre o direito ao conhecimento e à propriedade intelectual, em tempos de revolução tecnológica. Em junho de 2010, o debate foi sobre o livro digital e a possibilidade de os impressos deixarem de existir. Em 2012, foi a vez dos nerds, que viraram assunto de capa por conta de seu atual prestígio no mercado da Era da Informação.

12. DESTAQUE ÀS TRADIÇÕES

Imagem: Arquivo Continente

Nos últimos 15 anos, a cultura popular passou a ser mais valorizada e reconhecida. Foi durante esse período, por exemplo, que a Fenearte – Feira Nacional de Negócios do Artesanato surgiu e se consolidou no calendário cultural do Estado. Também nesse período, artistas populares foram consagrados Patrimônios Vivos. A Continente sempre se interessou por essas manifestações. Em agosto de 2007, o repórter Samarone Lima perfilava Mestre Salú. Em julho de 2008, o artesão Manuel Eudócio foi lembrado como herdeiro de Vitalino, que, por sua vez, foi tema da capa de junho de 2009, quando da comemoração do seu centenário. Vale mencionar, ainda, a bela capa sobre as rendas, numa reportagem minuciosa de Danielle Romani, em agosto de 2011.

13. DRAMATURGIAS

Imagem: Arquivo Continente

A história das artes cênicas em Pernambuco tem-se feito presente nas páginas da Continente, que se manteve atenta também à produção de grupos contemporâneos, a exemplo do Angu de Teatro e do Magiluth. Dramaturgos e encenadores fundamentais como Antunes Filho (nº 51, 2005) e José Celso Martinez (nº 74, 2007) tiveram seus trabalhos discutidos pela revista. Temas como o teatro infantil (nº 104, 2009) e a ópera nacional (nº 113, 2010) foram abordados com destaque pela revista.

14. CULTURA EM MACRO

Imagem: Arquivo Continente

Como sabemos, “cultura” não se resume às manifestações artísticas, mas diz respeito, mesmo, ao ser no mundo. Assim é que a Continente se propõe a refletir sobre temas da contemporaneidade intrínsecos à cultura. Questões-chave como democracia (nº 47, 2004), dogma (nº 55, 2005), corrupção (nº 59, 2005), identidades (nº 70, 2006) e Deus (nº 102, 2009) estão nesse contexto, assim como a abordagem das ideias de filósofos como Jean-Paul Sartre (nº 54, 2005) e Octavio Paz (nº 39, 2004).

15. MUNDO DAS LETRAS


Imagem: Arquivo Continente

Joyce, Cervantes, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Gilberto Freyre, Nelson Rodrigues e muitos nomes de destaque da literatura nacional e internacional foram vistos e revistos nas páginas da Continente. Mais que trabalhar os autores e suas obras, a revista também deteve-se sobre temáticas como as angústias de quem faz literatura no Brasil (nº 5, 2001), os escritores-artistas (nº 53, 2005), literatura infantojuvenil ( nº 111, 2010) e a representatividade literária das correspondências de um artista (nº 124, 2011). 

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