Bolívar – um poema grego
Leia um trecho do longo poema do poeta e pintor surrealista ateniense Nikos Engonopoulos em homenagem ao revolucionário venezuelano, que se tornou popular desde a sua publicação em 1944
TEXTO E ILUSTRAÇÕES NIKO EGONOPOULOS
TRADUÇÃO FERNANDO MONTEIRO
01 de Julho de 2018
Um dos autorretratos de Nikos Engonopoulos, datado em 1935
PINTURA Reprodução
Um dos principais nomes da moderna literatura grega (Geração de 1930), Nikos Engonopoulos foi o poeta que, surpreendentemente, na sua Grécia cheia de tantos heróis mitológicos e históricos, se voltou para um herói da América do Sul: Simón Bolívar.
Poeta e pintor nascido em 1907, o segundo filho de Panaghiotis e Errietti Engonopoulos, foi um artista de atenção não só voltada para “dentro” do mundo helênico, mas – no drama da ocupação do seu país (de tantas guerras na Antiguidade) pelas tropas nazistas – viria a dar luz à celebração de um herói de outro continente, por meio de uma visão “extramuros” da cultura grega. Pois ele teve a sua primeira formação num liceu da França agitada pelo nascimento da “Escola de Paris” e, posteriormente, estreitaria laços com o Surrealismo, principalmente como artista.
Engonopoulos estudou por um período de quatro anos na capital francesa, antes de voltar para a Grécia, a fim de servir como soldado de infantaria. Seu primeiro emprego foi como tradutor num banco estrangeiro, e, depois, desempenhou a função de secretário na Universidade de Atenas. Graças ao talento como artista, naqueles anos difíceis, o jovem Engonopoulos se tornaria designer no Departamento de Planejamento Urbano do Ministério das Obras Públicas da Grécia.
Ao mesmo tempo, frequentava a Escola de Belas Artes ateniense, na qual foi aluno do pintor Konstantinos Parthenis, entre outros professores importantes. E ainda buscava aprimorar a prática artística no estúdio do pintor moderno de ícones Photios Kontoglou, de onde se introduziria na vida boêmia da sua bela cidade, convivendo com o poeta Andreas Embirikos e os pintores Giorgio de Chirico, Yannis Tsarouchis e Yannis Moralis.
Suas primeiras pinturas, principalmente em papel, retratavam casas antigas, e foram apresentadas na exposição Art of modern greek tradition, organizada em janeiro de 1938. Após a exposição, o pintor e poeta publicou uma tradução de poemas de Tristan Tzara, antes de lançar sua primeira coletânea, no mesmo ano. Em 1939, realizou uma exposição individual como artista e, três anos depois, concluiu Bolívar – Um poema grego dedicado ao herói continental que nos pertence, mas que ele entronizou num panteão particular.
E esse poema longo é, afinal, apresentado aqui ao leitor brasileiro, num fragmento traduzido pelo escritor Fernando Monteiro, admirador da obra de Engonopoulos o bastante para verter para o nosso idioma o canto “bolivariano” do grego Nikos Engonopoulos, falecido em 1985, de ataque cardíaco fulminante, na sua cidade natal.
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