Intercomunicação no primeiro dia do 3º CIJI
O Congresso Internacional de Judaísmo e Interculturalidade: História e Transculturalidade começou nesta segunda-feira (26), no Recife Expocenter
26 de Maio de 2025
Foto Leopoldo Conrado Nunes
A 3ª edição do Congresso Internacional de Judaísmo e Interculturalidade: História e Transculturalidade começou nesta segunda-feira (26), no Recife Expocenter. Além de falas de congressistas diversos, o Ciji contou com o lançamento literário da obra do congresso anterior.
A palestra do linguista, tradutor e escritor, Ioram Melcer foi a conferência inaugural do evento. Com bom humor logo durante suas primeiras palavras, ele trouxe a questão sobre “quem (finalmente) é (um) judeu?” e construiu toda sua fala a partir disso. “A resposta fácil é que judeu é quem nasceu de mãe judia”, afirmou Ioram, antes de completar, porém, que as coisas são mais complexas que isso.
Como para comprovar essa complexidade, o palestrante apontou diversas versões do que é ser judeu e questionou o senso comum. Em seu discurso, trouxe fatos sobre a família, o casamento e as leis de Israel. Perto do final de sua fala, Ioram Melcer evidencia: “judeu é quem fala usando a primeira pessoa do plural. Judeu é quem carrega a bagagem inevitavelmente”.
Após a fala de Melcer, a primeira mesa do congresso foi efetivamente formada contando com a presença do diplomata Luiz Feldman, a arquiteta Rosa Ludemir e o professor Fernando Gaudêncio. Com a mediação de Mario Helio Gomes, cada um dos integrantes da mesa discursou sobre figuras que carregam o judaísmo em sua história e possuem o tema da mesa, “Expansão atlântica, migrações e dinâmicas coloniais e pós-coloniais, seus personagens e intérpretes”, como ligação.
Feldman, primeiro a falar, trouxe conhecimento sobre os aspectos que dizem respeito ao judaísmo na obra do sociólogo Sérgio Buarque de Holanda. Também resgatando um personagem histórico da história judaica, Fernando Gaudêncio explicou sobre a importância de Ambrósio Fernandes Brandão, um cristão-novo que escreveu o livro Diálogo das grandezas do Brasil.
Trazendo a história contemporânea para a pauta, Rosa Ludemir foi a última da mesa a falar, fechando o momento com uma fala que evoca lembranças de pessoas conhecidas para si, como seu próprio pai. O seu discurso mostrou a existência dos “judeus brasileiros” e também citou o Carnaval, festa tão tipicamente brasileira e recifense como parte das memórias do povo judeu em Recife.
A segunda mesa do evento ficou no comando da professora e organizadora do Ciji, Ana Paula Cavalcante. Ao seu lado, os historiadores Geraldo Pieroni e Marcelo Walsh compuseram a mesa “Perseguição, sofrimento e resiliência: uma história trágica em dois recortes: Inquisição e Auschwitz”.
A fala de Pieroni começou questionando a história como aquela ensinada nas escolas, de que o Brasil foi colonizado por pessoas “que não prestavam” e seguiu mostrando os horrores ignorados que muitos cristãos-novos, ou simplesmente judeus, sofriam durante a Inquisição. Complementando a fala do pesquisador, Walsh trouxe o momento de maior sofrimento do povo judeu para a mesa: o Holocausto. Assim, ele tocou na ferida a fim de explicar a logoterapia e, por fim, propor uma interconexão entre os campos da psicanálise, da antropologia e da história.