Morre Gene Hackman, aos 95 anos
Ganhador de dois Oscar, ator que trabalhou com Coppola e Clint Eastwood, foi encontrado morto em casa, ao lado da esposa e do cachorro. Polícia diz não acreditar em crime
27 de Fevereiro de 2025
Gene Hackman ganhou seu primeiro Oscar por sua atuação no filme Operação França
Foto Divulgação
O astro americano Gene Hackman, 95 anos, ganhador de dois Oscar pelos filmes Conexão França e Os imperdoáveis, foi encontrado morto em sua casa nesta quinta-feira (27). Ele atuou em mais de 80 filmes durante sua carreira. Também foram encontrados mortos a mulher do ator, a pianista Betsy Arakawa, e seu cachorro. Ele morava em Santa Fé, no Estado do Novo México.
Autoridades americanas confirmaram sua morte, afirmando que ela aconteceu na tarde da quarta-feira, dia 26. O xerife do condado de Santa Fé deu uma declaração sobre as prováveis causas da tragédia. “Esta é uma investigação em andamento - no entanto, neste momento não acreditamos que crime tenha sido um fator (nas mortes).”
Lenda de Hollywood por várias décadas do século XX, Hackman se consolidou como um dos atores mais versáteis e populares de sua geração. Suas dezenas de filmes incluíam, ainda, uma performance de sucesso em Bonnie & Clyde, uma farsa clássica em Jovem Frankenstein e papéis de destaque em Reds e Sem saída.
O próprio ator explicou que sua vocação surgiu desde muito jovem, inspirado por ídolos do cinema como James Cagney e Errol Flynn, embora também tenha destacado que o que o marcou definitivamente foi a atuação do lendário Marlon Brando em Um bonde chamado desejo (1951).
O ator foi indicado ao Oscar cinco vezes. Ganhou a primeira estatueta de melhor ator por seu papel como Jimmy “Popeye” Doyle no suspense Operação França, de William Friedkin, em 1971, e também de melhor ator coadjuvante por interpretar Little Big Daggett no faroeste Os imperdoáveis, de Clint Eastwood, em 1992.
Seus outros papéis indicados ao Oscar foram no filme Bonnie & Clyde: uma rajada de balas, de 1967, como Buck Barrow, em seu papel de destaque em Meu pai, um estranho, de 1970, além de um agente policial em Mississipi em chamas (1988).
Extremamente talentoso e habilidoso, trabalhou com grandes diretores ao longo da carreira. Mas era A conversação (1974), filme de Francis Ford Coppola, que ele considerava um dos seus melhores trabalhos.
Hackman também teve grande atuação na história do cinema ao interpretar Lex Luthor nos clássicos Superman - O filme, e Superman II - A aventura continua, com Christopher Reeve no papel do herói. Em 2001, interpretou Royal Tenenbaum em Os Excêntricos Tenenbaums, de Wes Anderson.
Trajetória
Hackman tinha status especial em Hollywood — herdeiro de Spencer Tracy como um homem comum, ator de atores, rabugento e celebridade relutante. Ele fazia seu trabalho muito bem e deixava que os outros se preocupassem com sua imagem. Além das aparições obrigatórias em cerimônias de premiação, raramente era visto no circuito social e não escondia seu desdém pelo lado comercial do show business. “Atores tendem a ser pessoas tímidas”, ele disse ao Film Comment em 1988.
Eugene Allen Hackman nasceu em San Bernardino, Califórnia, e cresceu em Danville, Illinois. Seus pais brigavam repetidamente, e seu pai frequentemente usava seus punhos em Gene para descontar sua raiva. O garoto encontrou refúgio em salas de cinemas, identificando-se com rebeldes da tela como Errol Flynn e James Cagney.
Quando Gene tinha 13 anos, seu pai foi embora, para nunca mais voltar. O abandono foi uma ferida duradoura para Gene. Sua mãe havia se tornado alcoólatra. Aos 16, ele "de repente sentiu vontade de sair". Mentindo sobre sua idade, ele se alistou na Marinha dos EUA. Com pouco mais de 30 anos, antes de sua carreira no cinema decolar, sua mãe morreu em um incêndio causado por seu próprio cigarro. "Famílias disfuncionais geraram muitos atores muito bons", ironizou durante uma entrevista em 2001 para The New York Times.
Segundo a BBC, quando Hackman se matriculou no curso de artes cênicas Pasadena Playhouse, na Califórnia, ele e seu colega Dustin Hoffman foram eleitos os "menos propensos a ter sucesso".
Seu último papel foi como Monroe Cole em Bem-vindo a Mooseport, em 2004. Depois desse filme, ele se afastou de Hollywood para viver uma vida mais tranquila no Novo México, escrevendo romances e pintando quadros na cidade de Santa Fé.
Durante a vida, teve dois casamentos. Em 1956, Hackman casou com Fay Maltese, uma caixa de banco que ele conheceu em um baile da YMCA em Nova York. Eles tiveram um filho, Christopher, e duas filhas, Elizabeth e Leslie, mas se divorciaram em meados da década de 1980. Em 1991, ele se casou com Betsy Arakawa, uma pianista clássica, encontrada morta junto a ele.