Artes Visuais

Tropical Freak: o brega punk de Xinga Xow encontra os vulcões de Isabela Stampanoni

Projeto Atonal: Circuito de mentoria e experimentação apresenta performance sonora nesta sexta-feira (4), às 19h, na Casa Lontra


03 de Julho de 2025

Xinga Xow e o punk tropical contemporâneo em performance com Isabela Stampanoni

Xinga Xow e o punk tropical contemporâneo em performance com Isabela Stampanoni

Foto Divulgação

Uma artista consolidada, Isabela Stampanoni, se encontra com uma artista iniciante, Xinga Xow, em uma das etapas do projeto Atonal: Circuito de mentoria e experimentação, desenvolvido pela Casa Lontra para expor performances sonoras. Nesta sexta-feira (4), às 19h, é a vez do público conhecer o trabalho Tropical Freak, um encontro entre estética e sonoridade alia brega punk de Xinga aos vulcões de Isabela. 

“A relação desse trabalho de performance é basicamente direta com meu trabalho e com minha personalidade traduzida a partir da minha pintura grotesca. Então pensamos nesse encontro da energia maluca de Xinga Xow com o ritmo frenético do centro da cidade do Recife”. Situado na Avenida Dantas Barreto, o ateliê de Xinga capta o ponto de encontro de todos os tipos de pessoas, um lugar de passagem, um cenário marginal e confuso onde a música brega é trilha sonora da paisagem decadente, misturada com o palavreado do crente pregador, do viciado em crack, do morador de rua e do propagandista de microfone em punho do comércio moribundo e resistente, onde o feio é bonito e a contracultura ainda pulsa. “O centro da cidade é tão cru e frenético quanto eu”, compara a artista, cujas pinturas refletem o movimento punk, o fascínio pelo fanzine e pelos quadrinhos e a personalidade freak da artista.

“É como sempre me senti, uma pessoa estranha, excluída, dissonante e marginal como esses personagens e como o ritmo brega funk que, para mim, é o punk tropical contemporâneo do Recife, que prefere incomodar a se sentir inferior”, compara, sem descartar as dissonâncias e, ao mesmo tempo, os encontros. “Me vejo nisso e por isso me estimulo”. Nesse contexto caótico, a improvisação é o grande instrumento musical a embalar a estrutura visual inevitavelmente presente. 

Artista mais visual do que sonora, Isabela não nega que o som vem sendo timidamente incorporado em seu trabalho. Também atenta aos ruídos urbanos, ela insere neles seu fascínio pelos vulcões, que se encontram com as figuras musculosas de Xinga. “Faremos uma colagem de sons da cidade coletados por nós duas e aliados a nossas referências visuais, mesclando as duas artes”, resume Isabela, que já conhecia o trabalho de Xinga, tanto na performance quanto visual, e por isso a convidou para o projeto. Apesar de dissonantes, as duas artistas convergiram após conversas tidas desde 2018. “Usamos o som de forma mais performática, utilizando o corpo, a voz e esses ruídos da cidade captados, de forma muito tosca também, através de um celular”, revela. 

Serviço:

Tropical Freak

Quando: sexta-feira (4)

Onde: Casa Lontra (Rua Bispo Cardoso Ayres, 72, Boa Vista)

Horário: 19h

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