Artes Visuais

Torre Malakoff abre exposição coletiva Observa 3

Público poderá apreciar parte do acervo de cinco artistas que ocuparão o térreo e o primeiro andar do equipamento cultural do Estado, a partir desta quarta-feira (18)

17 de Junho de 2025

Ícaro Galvão é um dos artistas com obras na mostra

Ícaro Galvão é um dos artistas com obras na mostra

Foto Divulgação

O Observatório Cultural Torre Malakoff realiza, na quarta-feira (18), às 19h, a abertura da exposição coletiva Observa 3, com obras de cinco artistas: Ana Neves, com “Tropical Trópico: aqui tudo derrete”; Geoneide Brandão, com “Entre nós todo o indizível se faz presente”; Ícaro Galvão, com “Encontros Monumentais”; Luciana Borre, com “?Toda vez que me perco de mim?”; e Paulo Oliveira, com obras de seu acervo. A entrada é gratuita.

O térreo será ocupado pela exposição fotográfica “Encontros Monumentais”, do artista visual recifense Ícaro Galvão, reunindo nove obras - entre elas um vídeo e trabalhos em grandes formatos – realizadas com a técnica histórica da cianotipia, artesanalmente tonalizadas com infusões de diversos vegetais. O projeto propõe um reencontro com monumentos naturais do interior de Pernambuco, registrando formações rochosas em Sirinhaém e Brejo da Madre de Deus. Partindo de uma fotografia-base, o artista cria composições formadas por repetições e variações cromáticas, evocando a transformação da paisagem e a fragilidade da memória. Ícaro Galvão propõe um deslocamento simbólico do olhar: do céu à terra, da observação científica à experiência sensível. O público também terá a oportunidade de participar de ações educativas, como visita mediada e oficina de cianotipia, e conta com texto crítico inédito da historiadora Joana D’Arc Lima.

No primeiro andar do equipamento cultural, os visitantes terão acesso às demais obras. A artista visual Ana Neiva apresenta “Tropical Trópico: aqui tudo derrete”. O espaço reunirá oito obras inéditas, entre textos, pinturas e desenhos que investigam os deslocamentos de corpos e territórios, propondo um olhar sensível sobre as transformações que atravessam geografias periféricas e racializadas no Sul Global. Com curadoria de Walter Arcela, a exposição articula memória, matéria e ambiente em visualidades híbridas e instáveis, dando visibilidade a narrativas que emergem das zonas não metropolitanas.

“Entre nós todo o indizível se faz presente”, do artista Geoneide Brandão (1999), crescido em Ouro Branco (sertão de Alagoas, Nordeste do Brasil), apresenta um conjunto de pinturas que emergem de uma pesquisa pictórica iniciada em 2020, voltada à investigação do afeto e do desejo dissidente. A partir de sua vivência como pessoa não binária, vinda do sertão de Alagoas, o artista constrói imagens que atravessam questões de gênero, sexualidade, subjetividade e deslocamento. A pintura é entendida como ferramenta de construção simbólica e política, capaz de tensionar os valores da tradição artística ocidental e propor outras possibilidades de existir. O trabalho convida a pensar o amor, a intimidade e a beleza como forças contra-hegemônicas, especialmente quando vividas entre pessoas queers.

Da artista Luciana Borre, “?Toda vez que me perco de mim?” é um conjunto de obras têxteis acompanhadas de contos poéticos. São bordados, tapeçarias, gravuras, instalação, vídeo-arte e livro/objeto produzidos no período de isolamento social causados pela pandemia Covid-19. Registra os resultados dos processos de criação em um tempo introspectivo, voltado ao autoconhecimento e com a escassez de materiais. Vislumbra o transbordamento de si por meio da materialidade têxtil e demarca um período que disparou uma série de processos de criação têxteis e coletivas da artista. É uma exposição que aborda a necessidade humana do encontro presencial e detém teor imersivo e tátil. É baseada no livro "Bordando Afetos na Formação Docente" (2020), da própria Luciana Borre.

Também no primeiro andar da Torre Malakoff, o público poderá apreciar parte do acervo do artista Paulo Oliveira Quacula, natural de Moreno, Região Metropolitana do Recife. Ele é escultor e velejador, acumulando mais de 30 anos na prática artística. Atualmente, vive na Praia de Suape e possui um diversificado acervo de esculturas, tendo produzido com madeiras distintas – raiz de mangue, imburana e casca de cajá – todas coletadas fora de práticas extrativistas. Sua pesquisa é centrada nas relações entre natureza e cultura, explorando a jornada do artista com o deslocamento, o mar, a madeira, o tempo, os sonhos e as viagens.

Exposição coletiva “Observa 3”
Onde: Praça do Arsenal da Marinha, s/nº, Bairro do Recife – Recife
Quando: Terça a sexta-feira, das 10h às 17h | Domingos, das 15h30 às 19h
Quanto: Entrada gratuita
Telefone: (81) 3184-3180
E-mail: torre.malakoff@gmail.com


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