Artes Cênicas

“Soledad - A terra é fogo sob nossos pés” celebra dez anos de circulação

Montagem encenada por Hilda Torres volta ao palco do Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife, nos dias 2 e 3 de setembro

22 de Agosto de 2025

Foto Cyntia Santos/Divulgação

Um espetáculo montado no Recife está prestes a alcançar um marco significativo. O monólogo Soledad - a terra é fogo sob nossos pés, interpretado pela atriz e diretora pernambucana Hilda Torres e dirigido pela diretora paulista Malú Bazán, completa dez anos na estrada, consolidando uma intensa e representativa trajetória. 

Para comemorar o sucesso da montagem, dez anos depois de passar por cidades como Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Montevideo (Uruguai), Assunção (Paraguai), Havana (Cuba), Buenos Aires (argentina), além de Madrid, Santander, Bilbao e outras na Espanha, o espetáculo volta ao palco do Teatro Hermilo Borba Filho, dessa vez nos dias 2 e 3 de setembro, às 19h30.   

A peça conta a história da militante paraguaia, Soledad Barrett Videma, assassinada pela ditadura militar brasileira há cerca de 50 anos, na Região Metropolitana do Recife, em um dos episódios mais violentos do regime militar brasileiro – conhecido como “O Massacre da Chácara São Bento”. Soledad, que lutou contra diversas ditaduras na América Latina, foi entregue à morte pelo seu então “companheiro”, mesmo estando grávida dele. Conhecido como Daniel, mas que, na realidade, era o Cabo Anselmo – o infiltrado dos órgãos de repressão mais conhecido do país, estima-se que, sozinho, levou à morte quase metade de todos os mortos e desaparecidos políticos contabilizados pelo regime militar.

Sol, como era conhecida entre os mais próximos, teve sua trajetória desenhada em meio à luta sociopolítica de sua família. Seu avô, o renomado jornalista e escritor espanhol Rafael Barrett, natural de Torrelavega, foi uma grande inspiração ideológica para ela. Quando nasceu, seus pais e irmãos mais velhos já eram militantes e dedicavam suas vidas quase que integralmente à luta contra ditaduras em toda a América Latina.

Os exílios políticos fizeram parte da sua vida desde muito nova, com menos de um 1 de idade enfrentou seu primeiro, na Argentina. Aos 17 anos, em mais um exílio, dessa vez no Uruguai, Soledad foi sequestrada por um grupo neonazista e teve suas duas pernas marcadas com a suástica por uma navalha. Ela se negou a gritar palavras em saudação a Hitler e por isso sofreu essa brutal violência.

Contudo, vale ressaltar, que a obra não pretende ser apenas mais um retrato memorialista comum. Com duração de 60 minutos, o solo desloca o espectador para uma época aparentemente conhecida, mas pouco entendida e ao mesmo tempo levanta questões da atualidade, proporcionando um espaço de reflexão, provocação e possibilidades, sobretudo nos dias atuais. Trata-se de uma narrativa que traça um ousado diálogo entre o passado e o presente levando-nos a perceber que as coisas não mudaram tanto assim.

SERVIÇO
Soledad - A terra é fogo sob nossos pés
Onde:
Teatro Hermilo Borba Filho - Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife
Quando: Dias 2 e 3 de setembro (terça e quarta-feira), às 19h30
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

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