O módulo que será entregue em dezembro é composto pelo museu, cuja concepção esteve a cargo da pernambucana Isa Ferraz, que reuniu um grupo de consultores, com nomes como Antonio Risério, José Miguel Winsnik e Frederico Pernambucano de Melo. A curadora participou da concepção do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e trouxe de lá a proposta de um espaço dinâmico de convivência, diversão e conhecimento, com o uso de recursos tecnológicos.
Segundo Gilberto Freyre Neto, ao entrar, o visitante vai se deparar com uma vitrine com objetos do Rei do Baião, que o conduzirá para uma estrutura metálica de forma elíptica, cujo interior é tomado por um cinema de 220 graus. No Sertãomundo – nome de batismo do lugar –, vai ser exibido um filme produzido por Marcelo Gomes, numa experiência audiovisual de oito minutos que expressa poeticamente a paisagem física e cultural sertaneja. “A ideia é que, ao entrar nesse espaço, o público seja, através da imagem, transportado para esse universo. Depois, ele sairá por uma porta que o levará aO Mundo do Sertão, em que serão apresentadas as principais dimensões da vida na região em sete territórios temáticos, entrecortados pelo Rio São Francisco”, explica Freyre.
Cada uma das estações foi batizada com um verbo. A primeira, Ocupar, trará grande maquete reproduzindo a caatinga em seus mais diversos aspectos, incluindo detalhes históricos sobre a ocupação dessa região. Em Viver, será possível conhecer a casa do sertanejo, seus utensílios, sua gastronomia; já no território Trabalhar, a ideia é compreender a labuta diária num ambiente sem água, permeada pelos sons e barulhos das típicas feiras de interior.
O âmbito cultural poderá ser vivenciado nas estações Cantar (que traz diversas referências sobre essa região na música e no cinema) e Criar (que aposta na inventividade do seu artesanato). O aspecto religioso aparece em Crer, e o processo de partida para a cidade grande em Migrar, estação que toma como base o depoimento de diversos sertanejos, famosos ou não, que deixaram sua terra para buscar uma vida melhor. Após esse trajeto, o qual pode ser percorrido livremente, o visitante terá a chance de acessar mais conteúdos, num espaço interativo que vai reunir livros, computadores conectados à internet e softwares específicos para atividades diversas, como compor um baião.
O segundo módulo – que será entregue em 2014 – vai abrigar o centro cultural, com auditório, salas para oficinas, café, restaurante-escola e área de convivência. Haverá um espaço com 600 m2 exclusivo para exposições temporárias. “Hoje, no Recife, não temos condições de receber uma grande exposição internacional. No Cais, teremos o que há de mais moderno, inclusive nos requisitos de segurança, o que vai permitir que a cidade se inscreva na rota dessas grandes mostras”, aposta Gilberto Freyre Neto.
Segundo ele, a proposta é que o equipamento interaja com o entorno, torne-se um centro de economia criativa e se conecte também com o Porto Digital. Até a sua consolidação, o Cais do Sertão Luiz Gonzaga será administrado pela Fundação Gilberto Freyre, mas a ideia é transformá-lo numa organização social que possa ter autonomia. “Assim como o Porto do Recife recebe cargas de fora e distribui pela região, movimentando a economia, o Cais do Sertão também irá impactar todo esse território, criando nova dinâmica, gerando e distribuindo riqueza”, resume Freyre.
MARIANA OLIVEIRA, editora-assistente da Continente.