A seleta é eficaz em transmitir as preocupações e interesses do escritor que passou grande parte da vida sustentado por mecenas e teve tempo para apurar sua arte entre castelos e viagens. Resguardando sempre a solidão necessária à criação – até mesmo depois de se casar –, Rilke persegue suas dúvidas sobre a existência e recorre aos jogos de oposição/complementação para respondê-las: anjo e homem, dor e júbilo, vida e morte. E quando o assunto é Deus, sua inquietude torna-se ainda mais elevada, já que não era passivo aos dogmas ou alinhado às regras religiosas, mas estava sempre embriagado das questões próprias da espiritualidade.
GIANNI PAULA DE MELO, repórter da Continente Online.