Hoje, é nítido o aparecimento de uma frente de artistas pernambucanos que, de terem crescido sob o fascínio da cultura pop nipônica, transgrediram o caminho do maracatu, do frevo e de quaisquer ritmos regionais. Assim, sob a influência da música japonesa contemporânea do Toe e no trabalho de compositores como Yasunori Mitsuda e Nobuo Uematsu, é que bandas locais estão fundamentando uma alternativa à tradicional música pernambucana.
Dinâmica de criação do grupo Kalouv é caracterizada pelas parcerias.
Foto: Bruna Monteiro/Divulgação
A Team.Radio, que acaba de gravar seu primeiro disco, Ranma, é a mais antiga delas. Iniciada em 2008, lançou os EPs White Tokyo, de 2010, e Summertime, de 2011, que serviram de ponte para a já duradoura parceria com o selo paulista Sinewave, voltado para a música experimental. O quinteto, que já passou por algumas mudanças de formação, demonstrou competência desde sua estreia, ousando se transformar completamente de um lançamento para o outro.
Também parte do catálogo da Sinewave, a Kalouv é outra banda pernambucana do segmento. Em 2011, lançou o disco Sky swimmer, cuja repercussão levou o quinteto a palcos de Maceió ao Rio Grande do Norte. Em 2012, apresentou-se no festival Play The Movie, em que a banda tocava ao vivo frente a uma projeção cinematográfica. “As trilhas sonoras japonesas são influências diretas em mim”, conta o pianista Bruno Saraiva, que cita o compositor nipônico Kenji Kawai como uma referência importante para o som do grupo.
A Kalouv, que lançou recentemente seu segundo disco, Pluvero, destaca-se por fechar parcerias. Se toda a sua concepção visual foi pensada pelo coletivo de artes visuais Imarginal, a produção de seu álbum ficou a cargo do músico Roberto Kramer, integrante-fundador da Team.Radio. “Ele demonstrou ser um ótimo produtor e se tornou um grande amigo”, pontua o baterista Rennar Pires.
FERNANDO ATHAYDE, estudante de Jornalismo e estagiário da Continente.