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Publius: Uma fonte sonora que nunca seca

Após anos trabalhando como instrumentista e compositor, artista lança 'Solo', primeiro CD individual que comprova a força da música pernambucana

TEXTO Débora Nascimento

01 de Fevereiro de 2013

Publius

Publius

Foto Divulgação

Publius faz parte de uma nova geração de (ótimos) músicos pernambucanos que, apesar de jovens, estão desbravando seus caminhos há um bom tempo, seja como compositores escondidos em faixas de artistas mais conhecidos ou como instrumentistas ofuscados pelo coletivo de uma banda. Após ter colaborado com os cantores Geraldo Maia, Gonzaga Leal, Tonino Arcoverde e Mônica Feijó, e integrado grupos como o Rabecado, Fim de Feira, Azabumba, Mula Manca e a Triste Figura, Baião Polinário, Publius lança agora seu primeiro disco individual, Solo, com apoio do Funcultura.

Nele, o compositor de 37 anos apresenta, em generosas 14 faixas, todo o conhecimento que adquiriu ao longo dessas duas últimas décadas dedicadas à música, principalmente voltadas a tocar instrumentos de cordas, como violão, violão de 12 cordas, bandolim e guitarra base, os quais empunha agora no disco.

A sonoridade de Solo é repleta de influências do rock pernambucano dos anos 1970 (Ave Sangria, Lula Côrtes, Alceu Valença), do Pink Floyd (principalmente da fase com Syd Barrett), do Clube da Esquina e um pouco de choro e jazz. Tudo isso envolto em citações e timbres sutis que não deixam espaço para pastiches. As músicas tiveram como embalagem arranjos bem intrincados, realizados de forma coletiva e tendo como diretor musical Pierre Leite, que também tocou teclados e monotron.

O disco foi gravado entre janeiro de 2009 e março de 2012, tendo a participação de um exército de músicos locais, como Júnior Areia (baixo), Mozart Ramos (flautas transversais), Will Bantus (saxofone), Júlio Lima, Breno Lira e Alex Mono (guitarras), Hidemburgo (trompete), Christiano Lemgruber (bateria), Hugo Linns (baixolão), Bruno Vinezof (caxixis), Júlio César (acordeom), Tomaz Alves, Lara Klaus, Tomás Melo, Rachel Bourbon e Eric Gabínio (voz e backing vocals).

Dentre os destaques de Solo, cuja masterização foi realizada pelo aclamado Carlos Freitas, no estúdio Classic Master (SP), estão as belíssimas Saudade, Destino, Lembrar de si e a faixa-título – a propósito, além de compositor, Publius se revela um intérprete perfeito para suas canções. Ele assina boa parte delas sozinho, com exceção de Aqui, O tempo e Pirâmides, essas com Juliano Holanda – que tocou guitarra no disco e é também um dos importantes nomes dessa nova geração de instrumentistas, junto com Joaquim Izidro, coautor de Medo.

O lançamento de Solo é uma prova de que a música pernambucana não para de surpreender. É uma fonte que, para nossa sorte, promete nunca secar. 

DÉBORA NASCIMENTO, repórter especial da revista Continente.

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