O musical Caxuxa, com direção de Cláudio Ferrario e produção do grupo Duas Companhias, fará a abertura do festival. Contando a história de quatro crianças e um homem cego, que vivem na rua e buscam transformar sua realidade, dando espaço e voz aos seus desejos, o texto convida o público a olhar a vida de outra forma, a partir dos sonhos que toda pessoa tem. É um exemplo prático de que questões sociais contemporâneas podem ser tratadas em espetáculos para o público infantil de forma lúdica, poética e consequente.
Compondo a programação desta 10ª edição, a Cia do Abração é um dos grupos esperados pelo público recifense, tendo em vista a ótima recepção de sua primeira participação na mostra. Em atividade desde 2001, o grupo curitibano ganhou o respeito da crítica brasileira por alicerçar seu trabalho na arte-educação e na construção coletiva de seus espetáculos, envolvendo todos os profissionais na construção da cena.
Na capital paranaense, a Cia do Abração mantém sede com três salas destinadas a apresentações e atividades formativas, e disponibiliza ao público uma biblioteca com aproximadamente 2 mil livros, uma videoteca com registro de todos os espetáculos, eventos e mostras realizadas, além de curtas, médias e longas-metragens de artistas locais e nacionais. A companhia realiza também o Pequeno Grande Encontro de Teatro para Crianças de Todas as Idades, um festival com o objetivo de mostrar e discutir o teatro de grupos e artistas do Brasil, chegando à sua 5ª versão, em 2013.
FÉRIAS
Desde as suas primeiras edições, o Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco tem reunido espetáculos de várias partes do país, promovendo oficinas e debates, de forma descentralizada. Sem apoio público ou privado sistemático, o evento tem sua programação organizada a partir dos recursos disponíveis.
O roteirista, dramaturgo e diretor João Falcão é o homenageado deste ano do festival.
Foto: Divulgação
O festival já prestou homenagem ao ator e diretor de arte Uziel Lima, ao encenador e produtor Leandro Filho, ao professor e encenador José Francisco Filho, ao espetáculo Princesa Rosa Linda (escrito e encenado por Valdemar de Oliveira, em 1939), à atriz e produtora Socorro Raposo, à Papagaios Produções, ao encenador e ator José Manoel e ao citado Camarotti.
Muito do prestígio conquistado pela cena teatral pernambucana deve-se a obras nesse segmento. Alguns grupos, produtores e artistas locais se dedicam, quase que exclusivamente, à pesquisa e realização de um teatro feito para ou especialmente dedicado às crianças. O Núcleo Sesc de Teatro para Infância e Juventude, com sede no Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro), denota o vigor dessa expressão cênica.
Aberto no final de junho, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu, Recife), o 10º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco segue até o dia 28 deste mês, em diversos teatros da cidade. É uma oportunidade para conferir a produção pernambucana e de outros estados, garantindo informação e diversão para a garotada de todas as idades nas férias de julho.
WILLIAM SANT'ANNA, ator, palhaço, produtor cultural, encenador, historiador e arte-educador.