Outro traço marcante é o poder de imersão que Lula tem com seus projetos. Publicitário, produtor e cineasta, ele afirma que aprendeu com o estilista Ronaldo Fraga o valor do mergulho no próprio trabalho. “Tudo que eu olhava tinha o disco. O fim do mundo está rolando por aí, eu não falo de aquecimento global, e, sim, da agonia diária das rotinas, dos mendigos, da tristeza. Mergulhei de cabeça nisso.”
Patrocinado pelo Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura do Recife, e gravado nos estúdios da Luni, o cuidado com a obra fica evidente desde as canções até a arte do disco, que valoriza a ideia geral do projeto. Com minimalismo e atenção ao que passaria despercebido aos olhos cansados e acostumados à violência “natural” dos grandes centros, Lula distancia-se dos vulcões e tsunamis, apresentando um trabalho que encontra identificação com vários públicos. Para ele, o fim do mundo anunciado nos telejornais diários é desnecessário e alarmista. Como diz a faixa-título: “Não tenha pressa, que o fim não é agora (...). Todo dia tem que respirar mais fundo”.
GABRIELA ALCÂNTARA, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.