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João Câmara: 18.250 dias de dedicação à pintura

Artista celebra seus 50 anos de atuação com obra que fala de sua experiência no campo das artes

TEXTO Mariana Oliveira

01 de Dezembro de 2010

Imagem Reprodução

Não quero que alguém se iluda com o conteúdo do presente livro. Ele trata de pintura e de minha experiência com ela ao longo destes últimos 50 anos. Se você, por qualquer razão e motivo pessoal, íntimo ou filosófico, não tem interesse em pintura, ou mesmo, se acha que essa é uma forma de arte que perdeu o sentido e a função no ambiente contemporâneo, pare de ler exatamente agora e ponha o livro onde o achou.” Essas são algumas das palavras escritas pelo pintor João Câmara na abertura (apropriadamente intitulada de “Advertência ao leitor”) do livro comemorativo à sua trajetória artística, lançado em novembro.

Aqueles que persistirem na leitura após tal advertência, ao virar da página, encontrarão uma verdadeira acolhida: “Quanto a você outro que, com perspicácia e gentileza, cruzou as linhas acima e até aqui chegou, portando simpatia pelo assunto anunciado, saiba que não posso prometer conclusões lógicas ou andaimes críticos de construção acadêmica. Este é um livro em primeira pessoa cindida entre folhas pintadas e escritas (e, talvez, faladas)”.

Em João Câmara – 18.250 dias, o artista narra o início de sua relação com a pintura, desde o primeiro teste para ingressar no Curso Livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, com apenas 16 anos, em 1960, até suas recentes séries baseadas em obras lidas durante sua juventude, como Robinson Crusoe, que deu origem à Diorama da ilha (foto acima). Destrinchando suas técnicas, Câmara conta como foi a tentativa frustrada de fazer uma pintura abstrata, na ânsia de tornar-se “moderno”. O resultado, segundo ele, foi uma pintura figurativa de uma abstração. A importância do desenho no planejamento de suas pinturas, bastante fragmentadas e com recortes nos campos de fundo, é outro tema sobre o qual ele discorre.

A cada página do volume bilíngue, ilustrado com imagens de suas pinturas organizadas em ordem cronológica, vai-se compreendendo os universos habitados por esse pintor e percebendo os diálogos, interações e pontos de discordância entre ele e tantos outros nomes importantes na história da arte pernambucana e mundial. 

MARIANA OLIVEIRA, repórter especial da revista Continente.

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