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Glauce Rocha: Seis meses em cena carioca

Grupos nordestinos mostrarão produção recente dentro do projeto 'Visões coletivas'

01 de Novembro de 2012

Peça 'Angu de sangue' inaugura temporada de espetáculos

Peça 'Angu de sangue' inaugura temporada de espetáculos

Foto Divulgação

Há três anos, o Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio de Janeiro, reabria as portas. A programação que dava as boas-vindas ao público tinha sotaque pernambucano: eram montagens do Recife, do Cabo de Santo Agostinho, de Caruaru e de Arcoverde. O Coletivo Angu de Teatro estava nessa seara apresentando Angu de sangue, texto de Marcelino Freire.

A companhia pernambucana que completa 10 anos em 2013 voltou ao Glauce Rocha no último mês de março para uma curta temporada que provocou muita fila na porta do teatro – a apresentação deEssa febre que não passa, texto da jornalista Luce Pereira. Depois dessas duas experiências, o Angu agora ocupa a casa de espetáculos carioca por um tempo mais prolongado. Serão seis meses de peças de grupos nordestinos dentro de um projeto proposto pela companhia, intitulado Visões coletivas – Nordeste contemporâneo.

“Já pensávamos em fazer um projeto semelhante desde 2008. Mas não tinha ainda um formato ideal. Isso só veio com o edital de ocupação do teatro, lançado pela Funarte”, explica Tadeu Gondim, idealizador do projeto e produtor do Coletivo Angu de Teatro. Na grade de espetáculos, montagens do Recife, de Fortaleza, Natal, João Pessoa e de Salvador. “Assim como no resto do país, o teatro de grupo também está fervilhando no Nordeste. Existe a curiosidade do público do Sudeste sobre o que é feito no Nordeste. Ainda há uma visão, para quem não conhece, de que teatro nordestino é cordel e fala de seca”, avalia Gondim.

Do Recife, a programação inclui três montagens do Angu – Angu de sangue (novembro), Essa febre que não passa (dezembro) e Ópera (janeiro) - e o espetáculo O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas (também em novembro), da Trupe Ensaia Aqui e Acolá. Já se apresentaram os grupos Mão Molenga Teatro de Bonecos, com O fio mágico, e a Cia. Enlassos, com Assim me contaram, assim vou contando...

No caso de algumas companhias, o público poderá ter uma visão mais ampla de suas criações, com a presença de mais de um espetáculo do repertório. O grupo Bagaceira de Teatro, por exemplo, do Ceará, participa do projeto com quatro montagens: Tá namorando! Tá namorando!Meire LoveA mão na face e Lesados. Da Paraíba, está na programação Deus da fortuna, do Coletivo Alfenin de Teatro;

do Rio Grande do Norte, A mar aberto, do Coletivo Atores à Deriva. E ainda Ricardo Guilherme (CE), com Bravíssimo e A comédia de Dante e Moacir; Fábio Vidal (BA) com o espetáculo Sebastião; Felícia de Castro (BA) com Rosário; e Ceronha Pontes (CE) com Camille Claudel. A única exceção na programação é o francês Maurice Durozier, ator do Théâtre du Soleil, que mantém uma relação próxima com o Nordeste brasileiro.

“O nosso mote é discutir o teatro contemporâneo feito no Nordeste. E talvez a gente perceba que as questões contemporâneas são muito parecidas, sejam elas tratadas por espetáculos do Nordeste ou do Sudeste. Nos nossos espetáculos, por exemplo, as referências nordestinas estão sempre muito presentes. Mas se dão de outra forma – não necessariamente no tema, na estética. O discurso é contemporâneo”, observa Tadeu Gondim. 

POLLYANNA DINIZ, jornalista e colaboradora do blog Satisfeita Yolanda?.

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