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Espaços em branco não são permitidos

Dupla de ilustradores do Mulheres Barbadas se diverte revestindo qualquer superfície de imagens, em preto e branco

TEXTO Gabriela Alcântara

01 de Julho de 2011

Foto Ricardo Moura

Monstrinhos, elementos da cultura skatista, quadrinhos, bonecos de barbas grandes e uma quantidade gigantesca de informações. Ao entrar no universo dos rapazes do Mulheres Barbadas, prepare-se: ou você ficará tonto com a quantidade de desenhos, ou observará os painéis, quadros e paredes por horas, sempre descobrindo algo de novo.

Com o acordo de só pararem o trabalho quando preencherem todo o espaço – ou quando estiverem cansados demais para continuar, o que vier primeiro –, os ilustradores Henrique Lima (Gringo) e Julio Zukerman fazem de suas peças objetos criativos e divertidos: de paredes a objetos, a variedade é palavra-chave. “Essa diversidade de suportes é algo que sempre nos interessa, pois uma hora nós cansamos de trabalhar com paredes”, afirma Julio.

Uma das características da dupla é o compartilhamento de seus trabalhos. No site do Mulheres Barbadas – que é tão cheio de informações quanto seus desenhos –, o usuário pode fazer o download das ilustrações no formato digital, em alta qualidade. Essa iniciativa surgiu porque, segundo Gringo, não existe preocupação com o uso do que é feito pela dupla, desde que seja sem fins lucrativos. Pelo contrário, Julio afirma que a ideia surgiu ainda no início do Mulheres, quando eles acreditavam que, se o trabalho fosse colocado online num tamanho pequeno, e o usuário não pudesse ver os detalhes de cada desenho, ele não seria tão interessante.

Utilizando nanquim, pincéis japoneses e poscas (canetas que cobrem de tecidos a paredes), e ilustrando desde cadeiras até um minicooper, um aspecto nunca muda: os desenhos são sempre feitos em preto e branco. O importante aqui não é a possibilidade da experimentação de cores, e, sim, os traços que podem ser feitos. O imaginário da dupla é rico, e as ilustrações são compostas de personagens e objetos que podem ser associados a imagens de sonhos e de histórias em quadrinhos.

A criatividade e a brincadeira estão presentes, também, no nome: ao serem indagados do significado, os rapazes, dependendo do humor, podem dar respostas diferentes. Julio fica com as respostas mais elaboradas e fantasiosas, enquanto Gringo prefere confundir: “A que eu mais gosto de falar é a que é Mulheres Barbadas porque a gente é mulher e tem barba. Aí a pessoa fica olhando com uma cara meio ‘quê?’, e é mais simples assim...”

Inventivos e detalhistas, Gringo e Julio sempre observam seus desenhos depois que terminam. Eles buscam espaços em branco, que serão preenchidos, seja com os macarrões ou com panos de fundo – tudo que é ilustrado acontece por cima de um pano de fundo –, o que importa é incluir informações em todo o objeto, mesmo que leve dias, como o projeto de pintar a fachada do Museu Murillo La Greca, no Recife, em que o trabalho dos rapazes esteve exposto recentemente. 

GABRIELA ALCÂNTARA, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.

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