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Dunas do Barato: Pique de baile tropicalista

Banda pernambucana lança EP com ritmos tipicamente brasileiros, como frevo e chorinho, mas sem abrir mão do rock’n’roll

TEXTO Marina Suassuna

01 de Junho de 2013

Dunas do Barato

Dunas do Barato

Foto Keyse Menezes/Divulgação

Há bandas que surgem de maneira despojada, sem a preocupação de assumir grau de profissionalismo. Esse foi o princípio que permeou os pernambucanos da Dunas do Barato, quando se apresentaram pela primeira vez em 2008, no festival independente Desbunde Elétrico, no Recife. Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Novos Baianos constavam na setlist de estreia, embora, na época, já existissem músicas autorais da banda. “Foi uma apresentação despretensiosa, mas tivemos uma boa resposta do público e não demorou pra sermos chamados para outros shows. A banda se formou sem a ideia de tocar nos palcos da cidade, mas acabou sendo criada justamente nos palcos”, conta a vocalista da Dunas, Natália Meira. Entre um show e outro, as canções autorais foram surgindo naturalmente e adicionadas ao repertório, culminando no primeiro trabalho do grupo. Recém-lançado, o EP homônimo, que teve produção totalmente independente, está sendo disponibilizado virtualmente para streaming e download no soundcloud. Ainda este mês, o projeto sairá no formato físico, com arte de capa assinada pelo artista plástico Victor Zalma.

Gravado e mixado no estúdio Casona, em Candeias, o EP apresenta cinco composições, cuja sonoridade evoca a atmosfera psicodélica das décadas de 1960 e 1970, sobretudo do Movimento Udigrúdi, expressão da contracultura em Pernambuco. O trabalho traz ritmos brasileiros, como frevo, marchinhas, samba, chorinho, música rural, além de levadas mais latinas, a exemplo do mambo e da salsa. O resultado transporta o ouvinte a um baile tropicalista e a todo o frescor da época em que o Brasil se tornara terreno fértil para a liberdade musical. A Dunas mostra propriedade ao traduzir o espírito dos anos de desbunde, impulsionada por uma linha de criação que busca atualizar, com uma linguagem contemporânea, os ritmos produzidos naquela época, ao invés de, simplesmente, reproduzi-los. “A gente gosta de mexer nos ritmos tipicamente brasileiros, mas sem largar o osso do rock’n’roll”, atesta Natália. Por trás dos arranjos, estão os músicos Juvenil Silva (baixo e vocais), Rodrigo Padrão (guitarra, violão e craviola), Diego Firmino (guitarra), Gilvandro Barros (bateria) e Leo Vila Nova (percussão).

O disco conta com a participação de Glauco César II, que incorporou seu piano a duas faixas. “Glauco é um músico danado de bom que todos nós já conhecíamos. A princípio, ele participaria só de Amante do Kaos. Achamos que um piano daria um molho diferente para a música. Aí vimos que Meteorango ganharia ainda mais leveza e lirismo com o piano dele” explica Leo Vila Nova. “Não teve ensaio pra isso. A coisa foi na hora. Ele chegou ao estúdio, nós conversamos sobre as músicas, ele as ouviu, pensamos em como fazer, e ele fez.”

Para quem começou de forma casual, a jovem banda vem solidificando um espaço significativo no cenário local. Em 2010, apresentou-se na Mostra Play the Movie, que integra a programação do festival No Ar Coquetel Molotov. Também figurou na grade de atrações dos festivais Grito Rock JaboatãoPernambuco Nação Cultural e Rock Cordel Recife, todos em 2012. Recentemente, a Dunas lançou o EP com show noAPR Club, programação paralela do Abril pro Rock

MARINA SUASSUNA, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.

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