À exceção da sigla não fluente, como em Mimo, o FIMCJP, a princípio, segue a receita de sucesso do festival pernambucano, a de conciliar música e um importante sítio histórico nacional: cinco igrejas pessoenses receberão concertos, além do Espaço Ciência (contemporâneo ao Parque Dona Lindu e também de autoria de Oscar Niemeyer) e do Teatro Radegundis Feitosa, na UFPB, inaugurado em 2012.
“João Pessoa é uma cidade com uma rica tradição cultural e uma beleza natural ímpar, por isso, na hora de receber os recursos do governo federal para a cultura, devemos pensar como o Rio e São Paulo, para recebermos uma infraestrutura que nos dê condições de representar musicalmente o talento do povo pessoense à altura”, justifica o regente, que convidou solistas e ministradores das master classes de cerca de 10 países para o festival.
Também constam na programação grupos de câmara locais, como o Quarteto de Cordas da Paraíba, o Quinteto Musarum, o Grupo Camena e os celebrados Quinteto Uirapuru e Quinteto da Paraíba. Dentre os solistas, dois lançarão CDs no evento: o violoncelista Raiff Dantas e o pianista Paulo Álvares. A abertura ficará a cargo da Sinfônica Municipal, dia 1º de dezembro, no Adro da Igreja de São Francisco, centro de João Pessoa.
O festival contará com patrocínio privado, e a orquestra será mantida pela prefeitura de João Pessoa, tal qual o era a OCCJP. Contudo, o maestro Laércio Diniz também prevê que ela venha a captar recursos via leis de incentivo fiscal e parcerias com instituições privadas. Ele, em particular, é patrocinado por uma companhia de seguros que arca com o seu salário, o que também permite que atue como regente convidado onde quer que seja, sem onerar a orquestra convidante – um trunfo, dentre todos os profissionais do ramo no Brasil.
Para 2014, no intervalo até a esperada segunda edição do FIMCJP, a OSMJP se empenhará em construir seu conceito sonoro e artístico. Laércio promete uma forte disciplina de trabalho e anuncia que seguirá o caminho esperado para um conjunto sinfônico em início de trabalho: enfatizar o repertório standard, isto é, do Barroco ao Romantismo, incluindo, eventualmente, obras modernas e contemporâneas. “Já anunciando que o patrono da nossa orquestra é o grande compositor paraibano José Siqueira e que com a sua obra teremos boas surpresas em 2014”, revela.
CARLOS EDUARDO AMARAL, jornalista, crítico de música erudita e mestre em Comunicação.