No início da década de 1990, época em que o espetáculo Brincante foi concebido e bem-recebido por público e crítica, já havia especulações sobre uma possível adaptação destinada à grande tela, fato que acabou procrastinado até recentemente. Em parte, poderíamos dizer que um aspecto interessante dessa demora reside na própria trajetória do realizador Walter Carvalho como cineasta. Famoso por seu trabalho como diretor de fotografia, a estreia de Walter como diretor ocorreu em 2001, com o longa-metragem Janela da alma. Assim, foi paralelamente a esse processo de redescoberta e de adequação às possibilidades intrínsecas da linguagem audiovisual que ele desenvolveu a premissa de que Brincante deveria se desdobrar como uma simbiótica união entre a vida e obra de Antônio Nóbrega.
E, se Walter de Carvalho assume aqui a função de diretor, também é importante pontuar que o roteiro do longa foi escrito por Leonardo Gudel, parceiro habitual de Carvalho, cuja bagagem inclui obras como Raul – o início, o fim e o meio. A junção dos dois culmina numa proposta estética caracterizada plasticamente por cores fortes e saturadas, além de elementos e arquétipos vinculados à própria trilha por onde o Brasil e Antônio Nóbrega caminham de igual para igual.
FERNANDO ATHAYDE, estudante de Jornalismo e estagiário da Continente.