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Aminta

TEXTO CÉLIA LABANCA
FOTOS LEO CALDAS

01 de Novembro de 2011

Foto Leo Caldas

Na época de Carnaval, amedrontavam-nas os caboclinhos, que, sendo lindos manifestantes da resistência cultural do Estado, ao chegarem àquela rua, em seus típicos trajes de índios, correndo com passos firmes de ir e vir, para frente e para trás, sempre em filas indianas, frenéticos e fortes, marcadas pelos tacapes que portavam e com seus enormes cocares, quase as levavam à morte. Por aflição. (…)

(…) nenhuma delas tinha medo, no entanto, quando também aos domingos de todos os carnavais, à tardinha, por lá passava o Maracatu de Dona Santa cumprindo seu itinerário. Maracatu-rei, referência para todas as nações.



Dona Santa era uma negra simpática e enorme de gorda. Segurava a boneca do maracatu que tinha uma saia longa, ricamente bordada com fitas coloridas, enfeitada de babados e bicos de organdi e bordado inglês, que lhe encobria a mão esquerda. (…). Na saia da boneca, (…) apreciadores, com um alfinete, pregavam notas de dinheiro (…). Ainda, nos bolsos de Dona Santa, as moedas (…). Isso mostrava o prestígio e o respeito que todos tinham por aquela importante agremiação, que reproduzia a corte da qual se originaram na África todos que vieram a formar a afro-brasilidade (…). Recebiam, como os outros, dinheiro e cachaça. O grupo evoluía com sua rica coreografia (…). 

LEO CALDAS, fotógrafo.

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