Depois de uma primeira fase de captação e escuta, o Acervo RecorDança identificou, em 2005, a possibilidade de expansão de suas ações. Coordenada por Valéria Vicente, Liana Gesteira e Roberta Ramos, a equipe estabeleceu a demanda pela construção de um banco de dados na internet. Além disso, realizou estudos sobre a história da dança em Salvador e Fortaleza para firmar parcerias com instituições desses locais, a fim de ampliar o acervo.
Essa mudança do suporte físico para o virtual lançou a segunda etapa do projeto: a criação de um sistema de busca gratuito na internet. O RecorDança On Line, em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco, disponibilizou o material coletado na primeira fase: fotos, vídeos e programas de espetáculos, informações sobre coreógrafos, professores, dançarinos, espetáculos e grupos, entre outros dados. No ano seguinte, o acervo – que continha informações da década de 1970 a 2000 – foi ampliado até o período de 2008. Essa etapa foi finalizada em 2009, com a inserção do material atualizado na internet. O período também marcou a parceria com o Acervo Mariposa, videoteca pública especializada em dança.
Em comemoração aos seus 10 anos, o Acervo RecorDança realizou, em agosto deste ano, no Centro Cultural Correios, a exposição RecorDança 10 anos: construir, sentir e olhar a dança. Dividida em três ambientes-conceito (Bastidores, Palco e Plateia), a mostra teve como finalidade oferecer ao público um mergulho na história e nas práticas da dança pernambucana.
Durante essa última década, a dança cênica pernambucana obteve projeção nacional por sua diversidade, produção criativa e articulação política, e trabalhos como o do RecorDança são um importante registro dessa evolução. Para a pesquisadora Elis Costa, um dos aspectos mais fortes da dança no estado é a sua resistência. “Temos grandes conquistas, originadas de demandas da sociedade civil, como a criação do curso de Dança na UFPE, por exemplo. Como em qualquer área, há perdas e ganhos, mas independentemente disso, o mais importante é ressaltar a resistência da dança, sua sobrevivência política, artística. Acho que esse é o maior aspecto a ser apontado, o fato de que existe uma área de conhecimento legitimada, entendida, reconhecida, e respeitada”, declarou.
OLIVIA DE SOUZA, editora da Continente Online.