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A trama da inocência

TEXTO AMÍLCAR DÓRIA MATOS
FOTOS SÉRGIO BERNARDO

01 de Novembro de 2011

Foto Sérgio Bernardo

Naquela noite cinzenta e que se prenunciava chuvosa, meu carro estava estacionado em um dos caminhos que separam os três cantos da praça, pertinho de dois outros automóveis, em cujo interior casais se ocupavam de afagos e carícias, ostensivos ou facilmente imagináveis. A alguns metros dali, numa das ruas que margeiam a praça, observei estacionado um carro da radiopatrulha, com dois ocupantes devidamente fardados, um dos quais encostado no veículo. O outro, que permanecia sentado no interior da viatura, certamente estava à espreita de algum chamado pelo rádio.





“Curioso – pensei –, até parece que os guardas estão ali a proteger os casais que se acariciam, tanto nos automóveis quanto nos jardins, sob o abrigo das árvores ou sentados em bancos.” E achei justo que assim fosse. Eu também tivera meu tempo. Já decorridos tantos anos (…). Ajunte-se: e já então, com irreprimido temor de que algum assaltante nos surpreendesse, arma em punho, a exigir-nos pertences e outras coisas ainda mais valiosas. 

SÉRGIO BERNARDO, fotógrafo.

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