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Arrasta: um mergulho poético entre corpos, águas e territórios

Performance de dança acontece no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, no sábado (6), às 18h, com acesso gratuito

03 de Dezembro de 2025

Foto Morgana Narjara/Divulgação

A relação entre corpo, natureza e território atravessa o espetáculo Arrasta, performance criada pelas artistas da dança Isabela Severi e Lane Luz a partir da pesquisa “Corpo Território Entre: fase água”, realizada com incentivo do Funcultura. Após a estreia na Ilha de Itamaracá, junto à comunidade das marisqueiras, a performance será apresentada no sábado (6/12), às 18h, no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, com acessibilidade em audiodescrição e entrada gratuita. 

O trabalho é fruto de um processo de seis meses de investigação que integrou estudos teóricos, experiências coletivas e vivências no território das Marisqueiras Unidas da Ilha de Itamaracá, resultando numa criação que propõe um gesto de recusa ao antropoceno e convida o público a repensar suas formas de estar no mundo.

A apresentação na Ilha de Itamaracá, realizada no dia 14 de novembro, reuniu moradoras, artistas e o grupo das marisqueiras na caiçara de Kita, em um encontro de celebração e partilha. Na ocasião, foi exibido também um documento audiovisual dirigido por Morgana Narjara, produzido a partir das vivências e encontros com as marisqueiras e as pesquisadoras.

Inspiradas por autoras e autores como Donna Haraway, Ailton Krenak, Rufino e Luiz Antonio Simas, as artistas articulam referências sobre o antropoceno, a crise ambiental e o pensamento multiespécie para criar uma experiência sensorial que entrelaça saberes, afetos e ecologias. Arrasta nasce do mergulho nas águas oceânicas e míticas e da escuta das mulheres que vivem da mariscagem, figuras que traduzem a resistência e o cuidado em meio às transformações ambientais.

No palco, ou melhor, nas margens, duas mulheres se movem envoltas por um grande tecido-sargaço, evocando estados tentaculares, densos e abissais. Seus corpos carregam o peso e a fluidez das águas, em gestos que convocam o público a expandir o olhar e sentir os entre-lugares da existência, onde o humano e o mais-que-humano se entrelaçam.

“Essa performance nasce de um desejo de escuta — escuta da terra, das águas e das mulheres que habitam esses territórios. Arrasta é também sobre deixar-se mover por forças que não são só humanas, sobre reconhecer o corpo como extensão da natureza e vice-versa”, afirma Isabela Severi, uma das criadoras e pesquisadoras da obra.

Para Lane Luz, o trabalho é um convite à sensibilidade: “Queríamos construir uma experiência que deslocasse o olhar, que nos fizesse perceber a beleza e a dor que existem nesses fluxos entre o corpo e o ambiente. Aprendemos muito com as marisqueiras, sua força, sua coletividade e a maneira como cuidam do mar e de si mesmas nos atravessaram profundamente”.

O processo criativo envolveu múltiplas camadas: da oficina “Corpo Ambiente em fluxo e Suas Ecologias Afetivas”, ministrada por Gabi Holanda, à assessoria em acessibilidade conduzida por Michel Platini, passando pela imersão com as marisqueiras e a construção colaborativa de um material textual e visual que amplia o alcance da pesquisa.

SERVIÇO
Performance Arrasta
Onde: Mercado Eufrásio Barbosa, Olinda
Quando: Sábado (6), às 18h
Quanto: Entrada gratuita
Acessibilidade: audiodescrição
Lançamento do e-book: redes sociais do projeto
Instagram: @corpoterritorioentre | @isabelaseveri | @laneluz_3

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