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Mulheres de Nínive estreia no Hermilo Borba Filho

Monólogo da atriz Nínive Caldas, dirigido por Hilda Torres, terá apresentações na quarta (2) e quinta-feira (3), dentro da programação do Festival Cena Cumplicidades

30 de Setembro de 2024

Foto Morgana Narjara/Divulgação

A partir da interpretação de Maria Madalena na Paixão de Cristo de Fazenda Nova, a atriz, apresentadora e produtora cultural Nínive Caldas teve a ideia de criar o espétaculo Mulheres de Nínive, que aborda a invisibilização do gênero feminino ao longo da história da humanidade e o rompimento dos ciclos de opressão que moldam a sociedade. Dirigida pela atriz, psicóloga e diretora teatral Hilda Torres, a peça estreia na quarta (2) e na quinta-feira (3), às 19h, dentro da programação do Festival Cena Cumplicidades 2024, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife.

Apesar do título do espetáculo incluir o nome da atriz, a peça não é baseada em uma experiência pessoal. Em seu processo de pesquisa cênica, Nínive percebeu que Madalena era mais uma mulher que teve sua história apagada, reforçando a lógica machista, misógina e preconceituosa que ela e tantas outras mulheres enfrentam. Além da relação evidente com o nome da artista, Nínive também foi uma cidade histórica, famosa tanto nos ciclos bíblicos, quanto pagãos. Foi a capital da Assíria, na antiga Mesopotâmia, berço dos jardins suspensos da Babilônia, onde hoje localiza-se o Iraque.

Na bíblia, o profeta Jonas foi enviado à cidade por Deus para salvar o povo de seus pecados, mas por se recusar, foi engolido por um grande peixe. Já na Cabala, Nínive é símbolo de força remetida ao início dos tempos, bem Antes de Cristo. Nesse contexto, conta-se que a primeira mulher a se destacar foi Semíramis, que passou a ser reconhecida como uma grande guerreira e arqueira, que lutava ao lado dos homens e se destacava nas caçadas. Ela herdou a tradição da rainha de Sabá, guardiã do sagrado feminino ensinados por Eva. O nome espiritual dessas mulheres aprendizes de Eva era Eufame, que significa "castiçal da potência". Elas guardavam os mistérios do sagrado feminino, tinham o domínio das fases da lua, eram guardiãs do fogo e conhecedoras dos oráculos.

Contudo, foi também em Nínive onde ocorreu um dos episódios mais violentos de apagamento feminino. Ao se tornar um grande centro místico que reunia pessoas até mesmo de grandes distâncias, dirigido e administrado pelas Eufames, passou-se a perseguir e posteriormente matar essas mulheres, gerando um grande massacre ocorrido na cidade. Poucas delas sobreviveram e, essas, fugiram para tentar salvar suas vidas e famílias.

Portanto, as histórias das Madalenas, Nínives, Semíramis e tantas outras mulheres se misturam nesse espetáculo. Não existe uma protagonista. São várias mulheres que habitam uma mesma cena. A partir dessa premissa, a equipe foi ganhando corpo com a preparação corporal de Lili Rocha; a trilha sonora, composta a partir das vivências do processo pelas musicistas e compositoras Nana Milet e Ana Paula Marinho; o desenho de luz, desenvolvido pela iluminadora Natalie Revorêdo; o figurino, criado pela estilista Xuruca Pacheco, e o stylist, por Marcelo Mendes, a atriz Fabiana Pirro e a diretora Hilda Torres.

SERVIÇO

Estreia da peça Mulheres de Nínive, na programação do festival Cena Cumplicidades
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife-PE)
Quando: Quarta (2) e quinta-feira (3), às 19h
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada), à venda na bilheteria e no Sympla
Faixa etária: 16 anos

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