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Livro analisa o papel do historiador

Artífices da História, publicado pela Cepe, tem lançamento no sábado (04/10), às 17h, com bate-papo entre os autores, o jornalista Evaldo Costa e o historiador Helder Remigio de Amorim, na Bienal do Livro

29 de Setembro de 2025

O jornalista Evaldo Costa com o livro Artífices da História - Trajetórias de vida e itinerários intelectuais

O jornalista Evaldo Costa com o livro Artífices da História - Trajetórias de vida e itinerários intelectuais

Foto Leopoldo Conrado Nunes/Divulgação

De março a setembro de 2022, o historiador Helder Remigio de Amorim e o jornalista Evaldo Costa realizaram entrevistas orais com 18 renomados profissionais da história brasileira. A ideia era narrar os percursos pessoais e os saberes de cada um deles, em um projeto de iniciativa do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano. Todas as conversas estão registradas em Artífices da História - Trajetórias de vida e itinerários intelectuais, que a Cepe Editora lança na programação oficial da XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.

O título, de 528 páginas, se apresenta como um acervo documental de excelência, com um panorama dos debates e das pesquisas históricas nos últimos 60 anos. Há depoimentos de Antonio Torres Montenegro, Evaldo Cabral de Mello, Mario Helio Gomes de Lima, Rita de Cássia Barbosa de Araújo e Sylvia Couceiro, entre outros historiadores e historiadoras. O lançamento acontece no sábado (4/10), às 17h, com um bate-papo entre os autores no Espaço Conexões Petrobras da Bienal do Livro, no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda, no Grande Recife.

Artífices da História constitui um inédito balanço das contribuições à historiografia brasileira feitas por um grupo de pesquisadores entre os mais produtivos do país, de diversas formações acadêmicas, vinculações profissionais e temáticas abordadas”, afirma Helder Remigio. “Para isso, cada um e cada uma abriu os escaninhos da memória e falou, com destemor, sobre seus percursos pessoais e intelectuais, e com isso pôde compartilhar saberes, justificar (ou explicar) escolhas, afirmar convicções e, muitas vezes, confessar perplexidades”, destaca Evaldo Costa.

No livro estão representadas diferentes gerações, que estudaram e ensinaram em importantes universidades brasileiras e estrangeiras. “São intelectuais que vivenciaram práticas de ensino e pesquisa predominantes nos ambientes europeu e norte-americano, latino e saxão, dentro e fora das universidades, e sobre elas refletiram e criticaram, e a partir disso fizeram as escolhas que moldaram a obra que cada um e cada uma foi capaz de produzir”, diz Helder Remigio. “É um marco para a historiografia do país”, acrescenta Evaldo Costa.

Professor na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, Marcus Carvalho fala sobre liberdade e pertencimento, ontem e hoje. “O que é a luta contemporânea contra o racismo? É uma luta pelo pertencimento. O que é a luta por Direitos Civis? É uma luta por pertencimento. Então, mesmo na contemporaneidade o pertencimento é fundamental na noção de liberdade”, ressalta Carvalho, autor do livro Liberdade: Rotinas e rupturas do escravismo no Recife – 1822/1850 (Cepe, 2ª edição).

“Eu tenho a impressão de que se eu tivesse escolhido uma carreira que me permitisse residir permanentemente no Brasil, talvez eu não tivesse sido historiador. Porque é a distância do país que lhe impõe estabelecer laços com ele à distância. E a História é a maneira mais óbvia de você estabelecer laços com o país”, declara o diplomata Evaldo Cabral de Mello, considerado um dos mais importantes pesquisadores do período holandês no Nordeste brasileiro, que vai de 1630 a 1654.

Autora do livro Liberais e liberais - Guerras civis em Pernambuco no século XIX (Cepe) e professora emérita da UFPE, Socorro Ferraz faz uma observação pertinente: “Os pernambucanos não têm ideia da importância de Pernambuco, que era um centro de decisões. Pernambuco não era capitania real, era particular. As capitanias reais tinham todo o apoio da Coroa. Mas Pernambuco tinha aportes e apoio de capital externo - holandês, judeu e alemão. Se fazia mais negócios com a Inglaterra, com os Estados Unidos, do que com Portugal. Foi por isso que se criou aqui uma elite que se sentia pronta até para gerir os negócios da nação.”

As entrevistas estão gravadas em vídeo, exceto a de Evaldo Cabral de Mello, porque ocorreu na casa dele, no Rio de Janeiro. A maioria foi feita no estúdio da TV-PE e algumas na sede do Arquivo Público. “São aulas magistrais (por definição) sobre o papel e a prática do historiador. Muitos dos entrevistados vivenciaram o começo das suas formações enquanto o país esteve submetido aos horrores da ditadura civil-militar, inimiga da História e das atividades intelectuais que, como tal, só pode se desenvolver se plasmada com espírito crítico. Em tempos de negacionismo, o livro irá colaborar para a afirmação da história como ciência e uma chave interpretativa do mundo”, afirma Helder Remigio.

AUTORES
Helder Remigio de Amorim é historiador, com estudos voltados às relações entre fome, cidadania, biografia, cultura, poder, cidade e História urbana. É professor na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Católica de Pernambuco. Integra a equipe do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano e é autor do livro Josué de Castro: Um pequeno pedaço do incomensurável (Paco, 2022). Evaldo Costa é jornalista desde 1979. Teve passagens como repórter, editor e editor-executivo no Diario de Pernambuco e Jornal do Commercio (Recife), Correio Braziliense (Brasília), O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro). Foi presidente e membro do Conselho Editorial da Cepe Editora. Dirigiu o Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano de 2016 a 2023. Cursa o mestrado profissional em História da Universidade Católica de Pernambuco.

SERVIÇO
Lançamento de Artífices da História - Trajetórias de vida e itinerários intelectuais, com bate-papo entre Helder Remigio e Evaldo Costa
Onde: Espaço Conexões Petrobras da Bienal do Livro, no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda
Quando: Sábado (4/10), às 17h
Quanto: R$ 110 (impresso)

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