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Gregório Duvivier: O Céu da Língua no Teatro do Parque

Dirigido por Luciana Paes, com texto e interpretação do ator carioca, comédia sobre a presença quase invisível da poesia no cotidiano chega ao Recife para três sessões nos dias 12 e 13 de setembro

09 de Setembro de 2025

Foto Priscila Prade/Divulgação

No monólogo cômico O Céu da Língua, Gregório Duvivier usa um discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia. O espetáculo estreou em Portugal em 2024, chegou ao Brasil em fevereiro deste ano e cumpriu uma turnê que já acumula mais de 60 mil espectadores. No Recife pela primeira vez, O Céu da Língua aportará no Teatro do Parque, na sexta-feira (12) e no sábado (13), às 20h, para sessões com ingressos já esgotados, o que levou à abertura de uma apresentação extra no dia 13, às 17h.

“A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, reconhece o ator, que cursou a faculdade de Letras na PUC do Rio de Janeiro e publicou três livros sobre o gênero literário. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, para isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura.” 

A direção é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregorio nos improvisos do espetáculo Portátil. No palco, com cenografia de Dina Salem Levy, o instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante, manipula as projeções exibidas ao fundo da cena. “Acredito que o Gregorio tem ideias para jogar no mundo e, com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo”, diz Luciana, uma das fundadoras da celebrada Cia. Hiato, que estreia na função de diretora teatral.   

O Céu da Língua não é um recital. Por outro lado, garante Luciana, a dramaturgia de Gregorio não deixa de ser poética neste “stand-up comedy pegadinha”, como ela bem define. “O Gregorio simpático e engraçado está no palco ao lado do Gregorio intelectual com seu fluxo de pensamento ininterrupto e imagino que, por isso, a plateia deve embarcar na proposta”, aposta a diretora. “Ele, graças aos seus recursos de ator, pega o público distraído, e ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado.”

Desde a infância, o ator carrega uma obsessão pela palavra, pela comunicação verbal, pela língua portuguesa. Assim, seu protagonista brinca com códigos, reformas ortográficas e a ressurreição de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, e inventadas, como “namorido” ou “almojanta”.

Para provar que a poesia é popular, Gregorio chama atenção para os grandes letristas da música brasileira, como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados em “O Céu da Língua” através das canções “Chão de Estrelas” (1937) e “Livros” (1997). “Os nossos compositores conseguiram realizar o sonho de Oswald de Andrade de levar poesia para as massas”, festeja o ator.

PORTUGAL - Nesta cumplicidade com a plateia, Gregorio mostra gradativamente que a poesia não tem nada de hermética e, claro, homenageia Portugal, o país que emprestou ao Brasil a sua língua para que todos se comunicassem. Além de Fernando Pessoa, o ator evoca o poeta Eugênio de Andrade e lembra de que a origem de O Céu da Língua está relacionada ao espetáculo Um Português e Um Brasileiro Entram no Bar. O divertido intercâmbio linguístico colocou no mesmo palco Gregorio e o humorista luso Ricardo Araújo Pereira em improvisações sobre o idioma que os une. 

Vem de Portugal também uma das maiores inspirações de Gregorio, inclusive para a criação do coletivo Porta das Fundos, que, a partir de 2012, ditou através da internet uma nova linguagem de humor no Brasil. Trata-se do Gato Fedorento, quarteto formado em 2003 por humoristas portugueses, entre eles Araújo Pereira. Depois de criarem um blog, os integrantes do Gato Fedorento chegaram até a televisão e lotaram teatros, influenciando Gregorio e os colegas brasileiros Antônio Tabet, Fábio Porchat, João Vicente de Castro e Ian SBF no Porta dos Fundos. “Temos uma reparação a fazer porque o Brasil recolonizou Portugal, e eles consomem muito mais a cultura brasileira que a deles”, avalia Gregorio. “Por isso, esse intercâmbio deve ser mais explorado; existem coisas geniais que não conhecemos.”   

SERVIÇO
O Céu da Língua
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista, Recife)
Quando: Dias 12 e 13 de setembro de 2025, às 20h. Sessão extra: dia 13 de setembro, às 17h
Quanto: Plateia: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia) / Camarote: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia). Ingressos à venda no link 
Classificação: 12 anos
Duração: 85 minutos

 

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