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Fotolivro transforma luto em obra de arte

A autora, a artista visual Clara Simas lança Meu pai morreu três vezes nesta quinta-feira (5), às 18h, na Garrido Galeria

02 de Junho de 2025

Organização das fotos no livro reproduzem a memória fragmentada da autora

Organização das fotos no livro reproduzem a memória fragmentada da autora

Foto Nino Andres/Divulgação

Narrativa que passeia entre o real e o imaginário, o fotolivro Meu pai morreu três vezes é um diálogo póstumo entre filha e pai, uma jornada de cinco anos que mistura arquivos esquecidos, cenas de cinema e memórias inventadas. A obra, assinada pela artista visual Clara Simas, será lançada nesta quinta-feira (5), às 18h, na Garrido Galeria, no Recife. Dentro da programação de lançamento, ocorrerá ainda a exibição de uma versão remasterizada e restaurada em 4k do filme Meteorango Kid: Herói Intergaláctico, no qual Manoel Costa, pai da autora, interpreta o icônico personagem Caveirinha. No próximo domingo (8), no Cinema São Luiz. Na ocasião, será exibido ainda o curta-metragem Creuzinha não é mais tua, de Amin Stepple, que também tem a participação de Manoel Costa.

O livro de fotografias nasce a partir de vestígios da vida de Caveirinha – ator amador do cinema marginal baiano dos anos 1970, jornalista e um contraditório pai amoroso e ausente. Clara tinha 14 anos quando o pai se foi, mas a relação já era feita de vazios muito antes disso. Ainda jovem, quando do falecimento dele, não foi possível para Clara, naquele momento, viver o luto e entender a dimensão daquela perda. Ao perceber que precisaria se voltar para essa relação, entendê-la, para então seguir adiante, a artista começou a organizar diversas informações sobre seu pai e seus vários personagens. Nesse processo, ela descobriu que ele tinha morrido várias vezes – não só na vida real, mas também nas telas. Enquanto mergulhava em filmes antigos nos quais ele atuou, deparou-se com cenas de morte ficcionais que pareciam ecoar seu próprio luto.

O livro se estrutura em três capítulos, cada uma apresentando três distintos personagens, diferentes facetas de um mesmo homem. Há o Homem Comum, fotógrafo e jornalista; o Anti-Herói, boêmio e rebelde dos anos 70; e o Pai, figura amorosa, mas distante. O processo de criação foi tão intenso quanto pessoal. Clara viajou para encontrar pessoas que conheceram Caveirinha, revirou arquivos empoeirados, digitalizou negativos. Nas páginas do livro, as imagens se organizam em dípticos, criando justaposições que imitam o modo desordenado como as memórias surgem.

Em edição limitada, a obra foi viabilizada com apoio do Funcultura, da Lei Paulo Gustavo (Recife), Bolsa de Acompanhamento Editorial do Ph Museum (Bologna, Itália), Grupo de Estudos André Penteado (SP) e Escola Livre de Imagens (PE). A boneca preliminar do projeto é finalista do prêmio Dummy Awards25 do Photobook Museum (Colônia, Alemanha) e, devido a essa indicação, vai circular durante 12 meses por diversas exposições e festivais na Europa e Ásia. Há ainda um lançamento confirmado em Bologna, na Itália, como parte integrante do evento Photobook Mania 2025 promovido pelo Ph Museum.

SERVIÇO
Lançamento do fotolivro Meu pai morreu três vezes
Onde: Garrido Galeria (R. Samuel de Farias, 245 - Santana, Recife)
Quando: Quinta-feira (5), às 18h

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