Festival de Circo do Brasil apresenta programação franco-brasileira
De 1º a 9 de novembro de 2025, o Recife se transforma na capital do circo contemporâneo, com espetáculos nacionais e internacionais em teatros e espaços públicos
29 de Outubro de 2025
"Le Bruit des Pierres", do Collectig Maison Courbe (França)
Foto Christophe Raynaud/Divulgação
De 1º a 9 de novembro, o Festival de Circo do Brasil (FCB) vai transformar o Recife na capital das artes circenses. Em sua 19ª edição, o evento integra o Ano Brasil–França, promovendo um projeto de cooperação cultural e intercâmbio artístico com a La Grainerie – Fabrique des Arts du Cirque et de l’Itinérance.
O eixo curatorial deste ano, “Aldeia de Tous” (Aldeia de Todos), traz os temas sustentabilidade e democracia para o picadeiro. "A proposta é apresentar uma nova perspectiva sobre o circo brasileiro e suas diversas composições, destacando temas urgentes da contemporaneidade de forma transdisciplinar com outras linguagens artísticas”, destaca a curadora e idealizadora do festival Danielle Hoover. "Mais do que uma mostra de espetáculos, o festival é um espaço de encontro, experimentação e resistência poética — um convite para celebrar a arte de permanecer em movimento", conclui Danielle.
O público pernambucano vai conferir espetáculos nacionais e internacionais, vivências circenses, laboratórios artísticos, intercâmbios culturais, feira de economia criativa, exibição de filmes e apresentações musicais e de cultura popular. A programação ocupará os teatros de Santa Isabel, Parque, Apolo e Hermilo Borba Filho, além de itinerar por vários espaços abertos do Grande Recife.
Com produção da Luni Produções e da La Grainerie e apoio da Prefeitura do Recife, do Governo de Pernambuco e do Ministério do Turismo, o FCB traz nove dias de programação, com atividades gratuitas e a preços acessíveis.
Esta edição do festival conta com patrocínio do Banco do Nordeste, através da Lei de Incentivo à Cultura, uma realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.
PROGRAMAÇÃO
O festival inicia com uma grande ocupação artística no Parque Santana, em Casa Forte, em uma programação, gratuita e franco-brasileira. O Esparrama Circo, do Grupo Esparrama (SP), presta homenagem à tradição do circo. A Mostra PE apresenta números de artistas pernambucanos ou residentes no Estado, selecionados por meio da convocatória artística do festival.
A programação musical começa no sábado (1º) com Forró na Caixa (PE), em um baile de rabeca, mesclando forró pé-de-serra, coco, baião, samba e influências do manguebeat. No domingo (2), Mestre Anderson Miguel (PE) celebra as tradições populares pernambucanas com maracatu de baque solto e ciranda.
O coletivo Fuscirco (Ceará), formado pelos palhaços Rupi e Pitchula, estaciona seu Fusca Azul 1974 na área central do parque, apresentando música, malabares, equilibrismo e humor no espetáculo “A RiSita”. O público ainda poderá assistir ao espetáculo “How Much We Carry?”, do Crique Immersif (FR-BR).

O skatepark do Parque Santana recebe o laboratório artístico Hyperboles, da Cie SCoM (França), que investiga as interseções entre skate e acrobacia circense, propondo uma reflexão sobre o lugar das mulheres em práticas tradicionalmente masculinas. A iniciativa reúne artistas circenses e skatistas do Brasil e da França.
Durante os dois dias, o público também poderá participar da Feira Na Laje e das Vivências Circenses, da Cia Brincantes de Circo (PE), com experimentação de aéreos como tecido, lira e trapézio fixo, equilíbrio no arame, acrobacias e malabares para crianças e adultos. No domingo, a programação começa com um aulão de yoga, promovendo conexão com o corpo antes das atividades circenses.
Nos teatros, a programação começa com “Nove Tentativas de Não Sucumbir”, da Cia Devir (PE), no Teatro Apolo, com duas apresentações gratuitas nos dias 31 de outubro e 1º de novembro. O espaço também recebe “Vermelho, Branco e Preto”, de Cibele Mateus (SP), nos dias 5 e 6, e “Fragmentos”, da Cia La Víspera (ES-FR), nos dias 7 e 8.
No Teatro de Santa Isabel, serão apresentados “O Vazio é Cheio de Coisa”, da Cia Nós no Bambu (DF), em sessão única no dia 6, e “Le Bruit des Pierres”, do Collectif Maison Courbe (FR), nos dias 8 e 9. O solo da brasiliense Poema Mühlenberg integrou a etapa francesa do festival, em Toulouse. Outro solo da artista, “Sarayvara”, também apresentado na França, chega ao Brasil no dia 7, no Teatro Hermilo Borba Filho, com entrada gratuita. O Teatro do Parque recebe “Juventud”, da Cie NDE (FR), no dia 9. Os ingressos para estas apresentações estão disponíveis na plataforma Sympla, com valores de R$10 a R$50.
DAVI KOPENAWA
No dia 4 de novembro, na Sala Derby do Cinema da Fundação, o público poderá conferir “Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta”, documentário dirigido por Marco Alteberg e Tainá de Lucas, que dá voz a Davi Kopenawa Yanomami, líder indígena e defensor da Amazônia. O filme explora a visão poética e profunda de Kopenawa sobre os desafios enfrentados pelo povo Yanomami, impactos das invasões em territórios indígenas, a crise climática e o futuro da humanidade, com participações de Ailton Krenak, Claudia Andujar, José Celso Martinez e Gilberto Gil, entre outros. A exibição é uma parceria entre o Festival de Circo do Brasil e o XV Janela Internacional de Cinema do Recife.
MESTRE MARTELO
No dia 5 de novembro, o Paço do Frevo recebe uma sessão de autógrafos com Sebastião Pereira de Lima (Mestre Martelo) em torno do livro “Mateus de uma vida inteira”, organizado por Odília Nunes e Cibele Mateus. O projeto de pesquisa é dedicado à figura do Mateus no Cavalo Marinho Pernambucano, destacando a trajetória de Mestre Martelo, considerado o Mateus mais antigo em atividade no Brasil, aos 89 anos. Na mesma data, o público poderá participar de um bate-papo com Mestre Martelo e Cibele Mateus, aprofundando o diálogo sobre sua trajetória e legado.
ITINERANTE
A programação começa com “A RiSITA”, do Coletivo Fuscirco (CE), que se apresenta no dia 3 de novembro, no Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro, e no dia 4, em Vera Cruz, Camaragibe. O espetáculo “How Much We Carry?”, do Cirque Immersif (FR-BR), segue em circulação pelo Alto da Sé, em Olinda, no dia 7; pela Oficina Francisco Brennand,na Várzea, no dia 8; e pela Praça do Arsenal, no Recife Antigo, no dia 9. Já no dia 8 de novembro, o Parque Apipucos sedia “Copyleft”, da Cie. NDE (FR) — uma apresentação que combina malabarismo e dança, permeada por humor e referências esportivas.
FORMAÇÃO
Nos dias 5 e 6 de novembro, o artista Nicanor de Elia, da companhia franco-argentina Cie. NDE, ministra a oficina “Malabares e Movimento”, no Paço do Frevo. Já o artista Felipe Nicknig, da Cia Catavento (GO), conduz o workshop “Aéreo Dinâmico”, de 3 a 5 de novembro, no Espaço Cultural Entrelaços. O ciclo se completa com o laboratório “Constelar: criação em circo, artes visuais e teatro”, com Domitille Martin, Nina Harper e Ricardo Cabral, do Collectif Maison Courbe (França), que acontece no Teatro Hermilo Borba Filho, no dia 6 de novembro.
A grade formativa também dá continuidade a dois laboratórios franco-brasileiros iniciados na etapa francesa do festival: Aldeia de Tous e Hyperboles. Inspirado na obra de Ailton Krenak, o Aldeia de Tous reúne seis jovens artistas — três brasileiros e três franceses — em um diálogo entre culturas e linguagens circenses. Após a primeira fase realizada em Toulouse, sob direção de Duda Maia e Nicanor de Elia, a etapa brasileira é conduzida por Maria Paula Costa Rêgo e Poema Mühlenberg. Já o Hyperboles, da companhia Cie SCoM (França), é um laboratório de pesquisa artística que explora as interseções entre skate e acrobacia circense, propondo uma reflexão sobre o corpo, o movimento e o papel das mulheres em práticas tradicionalmente masculinas.
NA FRANÇA
Entre 17 e 28 de setembro, Toulouse recebeu a etapa francesa do FCBl, reunindo artistas brasileiros e franceses em apresentações, oficinas, laboratórios criativos, sessões de cinema, exposições de artes visuais, concertos musicais e atividades colaborativas de gastronomia, encantando o público europeu.
A cooperação cultural entre os dois festivais surgiu da coprodução firmada entre a Luni Produções e a La Grainerie, com colaboração da Ésacto’Lido — Escola Superior de Artes Circenses de Toulouse “A La Grainerie e a Luni são parceiras há muitos anos. Dessa colaboração nasceu a proposta de uma ocupação multidisciplinar e festiva, que promovesse o diálogo entre o circo e outras linguagens artísticas, todas unidas por um denominador comum: o encontro entre nossas culturas, em sintonia com as questões democráticas e ecológicas que atravessam nossa época”, destaca Hélène Métailié, curadora e gerente de produção do projeto La Grainerie.
“Esta edição é muito especial para nós. Além de levar o Festival de Circo do Brasil pela primeira vez ao exterior, vamos receber pela primeira vez em Recife a diretoria da La Grainerie. A ideia é continuar este movimento de internacionalização nas próximas edições”, afirma a produtora cultural da Luni, Karina Hoover.
SERVIÇO
19ª edição Festival de Circo do Brasil — Aldeia de Tous
Onde: Teatros de Santa Isabel, Parque, Apolo e Hermilo Borba Filho e vários espaços abertos do Recife
Quando: De 1º a 9 de novembro de 2025
Quanto: Sympla (sympla.com.br/festivaldecircodobrasil)
Mais informações: www.festivaldecircodobrasil.com.br/