Ruffo

Do alto do 35º andar, a vista alonga e de lá se vislumbram as colinas de Olinda, o Oceano Atlântico, o Porto do Recife, a Bacia do Pina e os manguezais que foram, aos poucos, invadidos pelas comunidades ribeirinhas, e o cerco cada vez maior dos edifícios, cada dia mais altos, a se espalhar pela planície da capital pernambucana, com as artérias nervosas da cidade engarrafada. O restaurante Ruffo, no cume da torre empresarial Charles Darwin, na Ilha do Leite, proporciona esse panorama. Seu nome evoca roof top – telhado, em português – clichê da arquitetura, gastronomia e vida cultural mundana, em posts instagramáveis.

O acesso ao Ruffo se dá por uma entrada lateral, passando por dentro do Café Marie, situado no térreo do edifício. O elevador exclusivo leva ao topo em segundos, enquanto se admira a paisagem pela cabine envidraçada. Ao abrir a porta do restaurante, uma recepcionista está à espera. Com uma decoração contemporânea, clean, o salão tem pé direito alto, a luz natural entra pela cortina de vidro e o burburinho dos clientes e garçons se misturam ao som do piano. No mês de julho, na hora do almoço, ao teclado estava o experiente maestro Lúcio Azevedo. O repertório mesclava clássicos do jazz e do cinema com a MPB e a bossa nova.

A frequência maior, neste horário, é de profissionais liberais de escritórios de tecnologia e de finanças, advogados, médicos e empresários que trabalham na Ilha do Leite e imediações. Ao completar dois anos de funcionamento, em agosto, o Ruffo introduziu mudanças no cardápio, elaborado pela chef-consultora Taci Tetti. Responsável pela implementação dos pratos desde a inauguração, ela manteve os mais pedidos pelos clientes. A receita se guia por uma cozinha clássica que remete a várias culturas, com toques regionais. Para um restaurante que almeja se firmar no topo, manter o padrão da comida e do atendimento às mesas ainda exige persistência diária.

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