Edição #277

Outubro 24

Nesta edição

Mundo Bita, Mundo Capiba

Meu Destino - O Sr. Lourenço da Fonseca Barbosa acaba de fazer editar a sua valsa “Meu destino”. Trata-se de uma composição delicada e melodiosa, que muito recomenda o nome do autor e se destina à grande aceitação. ‘Meu destino’ está à venda na ‘Casa Ribas’, à rua da Imperatriz, nesta cidade.”

Esta nota saiu no Jornal Pequeno, publicado no Recife, em 10 de julho de 1923. Portanto, há mais de um século. Desde então, esse compositor, que ficaria famoso sob o nome de Capiba, não apenas afirmou-se como um dos mais importantes da história da música brasileira, mas de produção diversificada e prolífica.

Tendo sido assunto de destaque nesta revista, em mais de uma ocasião, agora está enfocado, na espécie de monografia que configura o Documento mensal da Continente.  O pretexto é duplo: os 120 anos do seu nascimento (completados em 24 de outubro) e a digitalização  feita pela Cepe de um alentado conjunto de suas partituras.

Precoce (já tocava trompa aos oito anos de idade) e longevo (viveu 93 anos), notabilizou-se mais como autor de frevos. Mas suas canções e obras puramente instrumentais não foram de qualidade inferior. Como outros compositores sem fronteiras nem dicotomias do popular e erudito, mostrou também habilidade para musicar poemas.   Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Carlos Pena Filho, Carlos Drummond de Andrade, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto e outros fazem parte desse elenco de “parceiros”.

Tendo recebido, recentemente, um prêmio nacional concedido pela Associação Brasileira dos Críticos de Artes, a revista traz, mais uma vez, uma oferta de boas matérias no segmento das artes. Como a reportagem sobre o centenário do Surrealismo. Na mesma linha do virtuosismo visual, vale a pena conferir a inspiração fílmica num ensaio fotográfico que lança um novo olhar sobre o Brasil (Pernambuco) Profundo.

Seguindo a lógica da descoberta ou redescoberta, dois olhares também se sobressaem: um sobre o patrimônio natural e cultural do litoral norte de Pernambuco. Outro, sobre o tesouro documental que remonta aos tempos das lutas abolicionistas. 

Como o tema principal da capa, um argumento bem contemporâneo. No Recife, nasceu e se mantém um dos maiores fenômenos do mercado audiovisual destinado ao público infantil: o Mundo Bita. Há 10 anos, a Mr. Plot, empresa criada em 2011, batizou, com esse nome, o projeto que hoje apresenta números bastante expressivos: são 318 vídeos (entre clipes, making of e teasers) lançados, 15 álbuns, produtos licenciados com mais de 30 marcas e mais de 18 bilhões de visualizações e 13 milhões de inscritos no YouTube.

 O Mundo Bita é um produto multiartístico, que envolve músicas, clipes, álbuns, shows ao vivo, peças de teatro, séries animadas para TV e streaming, entre outros. E, com isso, está em diversas plataformas e canais, como Cartoonito, Max, Netflix, YouTube, Spotify, PlayKids, Prime Video, Globoplay e Claro tv+, entre outros.

A reportagem da Continente vai contar a história da criação do Mundo Bita, de seus personagens, as inspirações, números alcançados pelo projeto, parcerias especiais com artistas da MPB, a exemplo de Milton Nascimento (o primeiro) e Caetano Veloso, e a trajetória da equipe de profissionais, que envolve designers, compositores e animadores. 

Mário Hélio | Editor

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