Pouco antesdas 6 horas do dia 24 de fevereiro, em Moscou, Vladimir Putin, com seu habitual semblante de estátua, anunciou a decisão de promover uma “operação militar especial” no leste da Ucrânia. Em seu discurso na TV estatal, o presidente russo, bastante cuidadoso com a linguagem, afirmou que não havia planos para ocupar o território ucraniano e que apoiava o direito dos povos residentes do país vizinho, assegurando que a ação tinha o objetivo de “desmilitarizar” e “desnazificar” a região de Donbass. Minutos depois, além de Donbass, foram relatadas explosões em Kiev, Kharkiv e Odessa. Mal começara o conflito e, na TV brasileira, o jornalista Jorge Pontual, diretamente de Nova York, criticava a análise do historiador Rodrigo Ianhez, após a fala deste à Globo News. Naquele dia, a internet, a imprensa e a academia amanheceram com mais um assunto para discutir: Rússia ou Ucrânia? Quem tem razão? Iniciava não somente mais uma importante guerra no mundo, mas também uma outra “guerra de narrativas”.