Cobertura

Um museu para a arte negra

Inaugurada em dezembro, a exposição 'Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra' marca os 40 anos do Ipeafro e um redirecionamento curatorial do Instituto Inhotim

TEXTO Luciana Veras

01 de Fevereiro de 2022

'Celebração a Legba', Abdias Nascimento, 1996. Acrílica sobre tela

'Celebração a Legba', Abdias Nascimento, 1996. Acrílica sobre tela

Foto Coleção particular de Ricardo Motta/Reprodução

[conteúdo na íntegra | ed. 254 | fevereiro de 2022]

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Em texto publicado no número 11 da revista Habitat, em setembro de 1953, Abdias Nascimento discorria sobre “Uma experiência social e estética”, sua acurada descrição para o Teatro Experimental do Negro, e ratificava o pioneirismo da iniciativa engendrada por ele e outros intelectuais e ativistas negros em outubro de 1944, para inaugurar “uma nova fase nos estudos sobre o negro”, a partir do que ele descrevia como “uma verdade histórica elementar”.

“O negro deixou a senzala completamente despreparado para a vida livre de cidadão. Não tinha preparo psicológico, nem econômico, nem profissional, e ainda menos cultural. A visão romântica ou idealística dos governos republicanos responde pelo abandono de toda uma população que adquiria uma liberdade jurídica quando, completamente analfabeta, carecia das mais primárias condições para o exercício dos direitos e obrigações da vida livre. O inegável avanço que representa o 13 de maio de 1888 foi mais simbólico do que prático e as elites brasileiras não souberam ou não quiseram compreender a responsabilidade que lhes tocava na solução de todo um complexo psicológico-social elaborado durante cerca de quatro séculos de dominação do branco sobre o negro. Preferiram a solução do avestruz: enterraram a cabeça e ignoraram a questão negra”, diagnosticava o intelectual, ativista, ator escritor, poeta e dramaturgo paulistano.

Compilado em Teatro Experimental do Negro Testemunhos (Edições GRD, Rio de Janeiro, 1966), cujo volume se encontra disponível para consulta no site do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros – Ipeafro, este artigo ganha ainda mais relevância quando lido em convergência com a notícia que circulou em dezembro de 2021. Pela primeira vez, o Instituto Inhotim, em Minas Gerais, recebia um “museu dentro de um museu”: o Museu de Arte Negra – MAN, idealizado em 1950. A partir daquele momento, o MAN passava a ocupar a galeria Mata com a exposição Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra, demarcando uma parceria entre o Inhotim e o Ipeafro até dezembro de 2023, reverenciando os 40 anos do instituto fundado por Abdias e marcando, ainda, uma década da morte deste titã que também se fez artista visual.

“Estamos inaugurando um museu dentro de um museu, com uma coleção singular de várias maneiras. As mais de 90 obras que estão aqui reúnem a produção artística do próprio Abdias e fazem parte de uma coleção formada por uma rede de intelectuais e de afeto. Aliás, essa é uma exposição feita de afeto. Pensamos que seria bonito iniciar esse projeto de trazer o Museu de Arte Negra para o Inhotim fazendo uma homenagem a um outro afeto, que é a relação entre Tunga e Abdias. O pai de Tunga, Gerardo Mello Mourão, era companheiro de Abdias da escrita, da poesia, e Tunga cresceu num ambiente com a presença de Abdias. Nada melhor do que pensar o Tunga, que é essa figura marcante e está aqui desde seus primórdios, com dois pavilhões dedicados a ele, recebendo e acolhendo Abdias no Inhotim. Celebramos esse encontro e essa equação de admiração mútua entre dois artistas com essa exposição de dois anos que se desdobrará, ainda, em outros quatro atos. Este é o primeiro dele, marcado pelo amarelo em homenagem a Oxum. A cada cinco meses, desmontamos a exposição e reorganizamos o espaço para receber novas obras, seja do Abdias, seja de outros artistas que fazem parte da coleção do MAN, cuidada pelo Ipeafro, ou de outros artistas convidados”, explicou Douglas de Freitas, curador do Inhotim, na coletiva para a imprensa da qual a Continente participou. “É a primeira vez, em seus 15 anos, que o Inhotim recebe uma coleção que não é dele mesmo. É algo inédito, que também significa que a própria instituição está se repensando”, complementou.


A exposição Abdias, Tunga e o Museu de Arte Negra é uma parceria entre Inhotim e o Ipeafro. Foto: Luciana Veras

Afinal, quase seis décadas após Abdias Nascimento evidenciar que “as elites brasileiras não souberam ou não quiseram compreender a responsabilidade que lhes tocava”, é imperativo difundir seu ideal de ver o MAN como “um museu voltado para o futuro”, com o propósito de “recolher e divulgar a obra de artistas negros, sem distinção de gênero, escola ou tendência estética, promovendo-se, assim, a documentação de sua criatividade, estimulando sua imaginação e invenção na ampla faixa de expressão plástica”, nas suas palavras, em entrevista dada ao jornal Correio da Manhã em 1968.

“O Museu de Arte Negra foi obra da sua concepção, no processo de discutir a estética da negritude deflagrado pela criação do Teatro Experimental do Negro, em 1944. Em 1968, ele fez a inauguração do MAN com uma exposição no Museu da Imagem e do Som no Rio, mostrando uma coleção que vinha de artistas brasileiros e também não brasileiros de todas as origens e expressões, levando a mensagem da cultura e da resistência contra o racismo”, pontua Elisa Larkin Nascimento, viúva de Abdias, companheira dele por 38 anos e presidente do Ipeafro.

Em dezembro desse mesmo ano, o fatídico Ato Institucional nº 5 foi promulgado pelo general Costa e Silva. Um dos organizadores da Conferência Nacional do Negro (1949), do Congresso do Negro Brasileiro (1950) e de um concurso de artes plásticas cujo tema era Cristo Negro, pensado para o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional (1955), Abdias pertencia à intelectualidade rechaçada pelo regime e, ao viajar para os Estados Unidos a convite de uma fundação norte-americana para dialogar sobre a promoção de direitos civis para a população negra, foi impedido de retornar ao Brasil. 

Nos 13 anos de exílio imposto pela ditadura militar, viveu nos EUA e na Nigéria. “E foi nesse tempo que ele mesmo desenvolveu sua produção artística. Quando voltamos, em 1981, fundamos o Ipeafro e desde então realizamos várias exposições, retrospectivas grandes em diferentes instituições brasileiras e no exterior, mas estarmos no Inhotim é um privilégio. Porque esse é um espaço sagrado, um lugar aberto às forças da natureza. Na primeira vez que vim aqui, eu tive o sonho de trazer os orixás de Abdias para Inhotim. Porque os orixás são a água, o fogo, o ar e a terra”, ratifica Elisa.

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É inegável a força estética, ancorada na ancestralidade e na liberdade cromática, que pulsa nas obras – tanto nas que efetivamente se devotam aos orixás, a exemplo de Exu e Três Tempos de Roxo (óleo sobre tela, 1980) e Santíssima Trindade (Yemanjá Exu Oxóssi), de 1988, Xangô nº 2 (1978) ou ainda Opachorô, falus cosmogônico: Obatalá (acrílica sobre tela, 1973), essas três últimas em acrílica sobre tela; como nas que navegam por questões existenciais, como Antes do Juízo Final (guache misturado com veículo plástico sobre papel, 1968) e O ovo primordial (acrílica sobre cartolina, 1972). Nesta, ele revisita o mito da criação do universo tal qual propagado pela tradição bambara de Komo, uma escola de iniciação do Mali cujo conhecimento se difunde por meio dos griôs, indivíduos responsáveis por salvaguardar e disseminar as histórias e lendas do seu povo.

Em sua arte havia a preocupação em se contrapor ao que outrora se estabeleceu como cânone. Em algumas telas, Abdias nos apresenta ao Adinkra, conjunto de símbolos que traduzem as ideias emanadas dos provérbios. “O adinkra, dos povos acã da África Ocidental (notadamente os asante de Gana), é um entre vários sistemas de escrita africanos, fato que contraria a noção de que o conhecimento africano se resuma apenas à oralidade. Na verdade, a grafia nasce na África com os hieróglifos egípcios e seus antecessores. Diversos outros sistemas de escrita percorrem a história africana em todo o continente”, ensina uma das passagens escritas por Elisa e disponibilizadas no site do Ipeafro. “Para além dos orixás, ele trabalhava muito a parte da simbologia epistemológica africana, com os adinkras e também com a escrita hieroglífica egípcia”, sublinha, em resposta à Continente.


Aos 15 anos, o pernambucano Tunga doou obra para o Museu de Arte Negra. Imagem: Acervo Museu de Arte Negra

Isso potencializa um dos aspectos que mais chama a atenção no cotejo entre as obras de Abdias Nascimento e Tunga (1956-2016): a capacidade de fabulação dos dois artistas, cada um imerso em sua própria cosmogonia, porém aberto, por afinidades mais do que eletivas, a se permitir afetar pelos encontros. “A formação do Tunga como artista se dá em um ambiente com a presença do Abdias. Na exposição, trazemos o recorte de uma entrevista que Tunga deu ao Correio da Manhã em 1968, quando ele tinha apenas 15 anos. Nessa matéria de jornal, vemos uma fotografia em que Tunga aparece com Bida, filho de Abdias, e o título ‘Arte negra serve de pesquisa para os mini-pintores’. E uma declaração de Tunga: ‘Para mim, a arte negra foi a primeira a romper os grilhões das saturadas imagens renascentistas’. Ou seja, aquele artista que se tornaria o primeiro artista brasileiro a expor no Louvre, e que já pintava aos 15 anos, falava aquilo para um intelectual e escritor que era amigo do seu pai, mas que ainda, aos 54 anos, nem pintava”, ressalta Júlio Menezes Silva, pesquisador e coordenador de comunicação do Ipeafro.

Não por acaso, essa frase de Tunga, ao lado de uma outra afirmação do artista pernambucano falecido em 2016 (“O mundo das ideias do Abdias me marcou profundamente”), serve de epígrafe para o texto de apresentação de Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra. Na expografia, a galeria Mata, justamente a primeira a ser aberta no Inhotim, ao lado de True Rouge, o pavilhão que até hoje celebra o vermelho em Tunga, convoca a um passeio pelos mitos, formas e matizes dos dois amigos e parceiros intelectuais e artísticos, mas também convida a novas possibilidades de interpretação.

Ao aproximar Toro Condensed (1983) e Toro Expanded (2012), círculos de ferro fundido e ouro dispostos por Tunga no chão, de pinturas em que Abdias revisita a Ouroboros, a cobra que morde o próprio rabo e espelha o infinito, vislumbra-se uma das tantas razões para se mostrar tais trabalhos em simultaneidade. “Os Toros discutem o cíclico e o Tunga cria sua própria mitologia, enquanto o Abdias produz muitos orixás e pesquisa as mitologias das religiões de matriz africana. Mas são mundos que se afetam e se aproximam. Quando colocamos a Trança do Tunga junto com as cobras na representação do Exu, por exemplo, as mitologias se tocam”, observa o curador Douglas de Freitas.


Simbiose africana nº 3, Abdias Nascimento, 1973. Imagem: Acervo Museu de Arte Negra

“Queremos que as pessoas se apropriem desse saber, dessa cultura e da força desse grande homem que era Abdias Nascimento”, exulta Júlio. Esse era um desejo nítido em cada fala e em cada gesto emocionado das pessoas encarregadas de apresentar o Museu de Arte Negra em Inhotim há dois meses: popularizar o nome deste pensador seminal e honrar seus preceitos. “Ele nasceu em 1914, no milênio anterior, e foi uma pessoa presente em todos os processos, da ilegalidade nos governos Getúlio Vargas até a redemocratização. Quando nos conhecemos, ele ajudou a construir o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, mas já tinha uma história de muitas contribuições na discussão desde a década de 1930, com a Frente Negra Brasileira. Nos anos 1940, foi o grande mentor de uma das manifestações no campo da dramaturgia brasileira, com seu projeto político importante sobre a presença dos atores e atrizes negros”, pontua o jornalista gaúcho Juarez Ribeiro, que conviveu com Abdias desde o início dos anos 1980.

“E quando ele volta do exílio, passa a atuar no parlamento, primeiro como deputado, depois como senador, e também é secretário de governo no Rio de Janeiro. E dá uma contribuição marcante para o avanço de tudo que construímos a partir de 1979, que é o Movimento Negro Brasileiro, iniciativa que veio se transformar recentemente no MNU – Movimento Negro Unificado”, continua Juarez. “Seu livro O genocídio do negro brasileiro (Paz e Terra, 1978) é fundamental e marcante por apresentar números e estatísticas das perdas que os diferentes governos pós-República impuseram à população negra, nos excluindo dos espaços de decisão da sociedade. Hoje é importante ver que seu trabalho no campo das artes, que durante um bom tempo esteve na invisibilidade, no subterrâneo, mas sempre foi de vanguarda, é celebrado por todos aqueles que acreditam numa sociedade mais justa e menos desigual.”

Intelectual, artista e ativista, Abdias foi fundador do Teatro Experimental do Negro e do Museu de Arte Negra. Foto: Bia Parreiras/Divulgação

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A crença em uma sociedade mais justa e menos desigual há de passar pela inclusão de mais artistas negros em instituições de prestígio, como o Inhotim, e pela democratização do acesso para que jovens pretos, pobres e periféricos, por exemplo, possam se deslocar para Brumadinho, a 63km de Belo Horizonte, a fim de conhecer um dos mais importantes artistas e ativistas negros, descendente direto de africanos escravizados, nascidos no Brasil.

“Isso nos coloca diante da seguinte situação: propusemo-nos a fazer algo que nunca foi feito nesta instituição com o objetivo de, de fato, mudar. Nossa ideia é mudar por dentro. Em um processo de cura. Que cura é essa? Frente a esse racismo estrutural e estruturante que nos alija de um espaço como esse. Nossa proposta é que esse espaço seja nosso. E assim será constituído coletivamente com Inhotim, mas principalmente com a perspectiva de se relacionar com o entorno dessa comunidade, não só de Belo Horizonte e Brumadinho” ratifica Júlio Menezes Silva, do Ipeafro.

“Queremos fazer deste espaço um quilombo, numa perspectiva reparatória e no sentido de ouvir a necessidade das populações: o que vocês querem fazer aqui nesse espaço? E o que podemos fazer para mudar essa situação? O cerne da nossa proposta de reparação é dialogar com as lideranças locais para que nós, Ipeafro e Inhotim, possamos nos juntar para quebrar essas barreiras. Seja uma barreira simples, como oferecer transporte para trazer as pessoas até aqui, ou o que vamos fazer para facilitar o acesso de crianças e populações que historicamente não têm acesso a museus. Nesse primeiro ato, montamos a exposição, mas as outras questões estão na pauta e são urgentes”, aponta.

No bojo das efemérides às quais se filia Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra, está uma de aguda notoriedade e pertinência, relembrada por Elisa Larkin Nascimento. “Em 2021, completaram-se 20 anos da Conferência contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância, promovida pela Organização das Nações Unidas e responsável por estabelecer o direito das populações africanas e seus descendentes, que é justamente a reparação. A escravidão mercantil dos africanos, perpetrada pelos europeus, foi vista como um crime contra a humanidade. Portanto, quando falamos de reparação, é disso que estamos a falar: da reparação para a população negra e os descendentes dos povos escravizados”, situa.

Invocação noturna ao poeta Gerardo Mello Mourão Oxóssi, Abdias Nascimento, 1972. Imagem: Acervo Museu de Arte Negra

Ela vai além ao propor que se deve, também, reparar o modo como durante muito tempo a arte negra foi vista, lida e rotulada. “Tunga e Abdias trouxeram para a arte brasileira uma discussão sobre o que significava a arte moderna. Com o Museu de Arte Negra, Abdias e os intelectuais do Teatro Experimental do Negro discutiam a estética no contexto de um florescimento daquilo que se chama do teatro e nas artes plásticas ligadas ao teatro. Tunga vem em um momento posterior, quando esse debate está ainda mais acirrado. Porque essa interlocução sobre a arte moderna é que sua origem é muito próxima à estética africana, que chega ao conhecimento dos artistas de vanguarda europeia. Esses artistas não consideravam aquelas peças como obras de arte, e sim como peças etnográficas, e assim as colocavam em museus antropológicos.”

Elisa sustenta: “A estética da arte negra influencia profundamente essa arte ocidental. Só que essa questão não era um tema de discussão na época. Mas, já com o Museu de Arte Negra, a coleção passa a ser um panorama dos artistas que, sim, discutiam as categorias pejorativas e diminutivas que se usavam para definir os artistas negros: artesãos, folclóricos, ingênios, naifs, regionais ou primitivos… A divisão entre erudito e popular é algo que está contido na frase que Tunga pronuncia em 1968 e para mim é uma evidência de como ele e Abdias romperam barreiras cósmicas, temporais, estéticas e intelectuais”.

Seguir nessa ruptura é o caminho que se trilha a partir de agora. “Vamos começar a construir as atividades correlatas à exposição, pois esta é uma mostra que se desdobra. Queremos fazer debates e palestras e pensar em outras formas para que se gere conteúdo, difunda conhecimento e se celebre Abdias”, antecipa Deri Andrade, curador-assistente de Inhotim e idealizador do Projeto Afro, uma “plataforma afro-brasileira de mapeamento e difusão de artistas negros/as/es”. “Partindo também do objetivo que norteia o Ipeafro desde o início, que é embasar ações para implantação e manutenção do legado da cultura afro-brasileira”, corrobora Júlio Menezes Silva.

Em maio deste ano, quando Inhotim descerrar as cortinas para o segundo ato do Museu da Arte Negra, podemos esperar o aprofundamento das discussões desenhadas por Abdias Nascimento desde os primórdios do MAN. “Se 2021 marcou os 40 anos do Ipeafro, os 10 anos da partida do Abdias e os 15 do Inhotim, e tudo isso se juntou para que pensássemos o projeto e repensássemos a própria instituição, em 2022 temos o centenário da Semana de Arte Moderna, que foi um evento indutor de muitas discussões sobre presença ou ausências no campo das representações artísticas. Nada é por acaso”, alinhava o curador Douglas de Freitas. E que não sejam em vão, e efetivamente se concretizem, nas veredas das artes visuais e na vastidão da cultura, as frases escritas em “Uma experiência social e estética”: “O negro abandona de agora em diante o lugar subalterno que sempre ocupou na cena indígena – papéis de criados, negrinho levando cascudos, pai João banzeiro – para se tornar herói. Este é realmente um evento da maior importância sociológica e artística”.

LUCIANA VERAS, repórter especial da Continente.
* A jornalista viajou a convite do Instituto Inhotim.

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