Conhecido por seu delicado e peculiar trabalho com as teias do crochê, Silvestre é, acima de tudo, um apaixonado pela cultura popular do Brasil, sua identidade e o trabalho manual do povo brasileiro. E essa admiração, mesmo que sutil, é presença permanente em suas criações. Por isso a estranheza em, vivendo há cerca de 15 anos na maior metrópole da América Latina, perceber como a cultura brasileira, principalmente a nordestina, é colocada em escanteio, em benefício da cultura estrangeira, a chamada gringa. Para ele, apesar de São Paulo ser uma cidade que representa o encontro de diversas culturas do Brasil e do exterior, não valoriza o que é genuíno, dando mais espaço e projeção para o que é de fora. Questão que também traz o olhar preconceituoso com que boa parte da elite artística e intelectual enxerga o próprio país.Ter nascido no Recife o conectou desde cedo com a tradição. Na capital pernambucana, desde criança, conheceu caboclinhos, maracatus e afoxés, fundamentais na construção do seu imaginário artístico. “Em São Paulo, sempre fui muito confrontado pelas minhas escolhas. Beleza de verdade é a identidade brasileira. Não quero reproduzir padrões europeus. São mais de 500 anos dessa história, vamos mudar. Estar aqui é um ato de resistência. Um ato político. Levar uma pedra aqui, outra lá. Quem faz sucesso é quem segue uma linha belga, minimalista. Fiquem com seus belgas, que eu estou aqui com meu xaxado”, defende.
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