Se, na proposta e na estética, o filme de Karim dialoga com o tensionamento da Europa, os três documentários de realizadores brasileiros emergiam, na Berlinale, como epígrafes de um país em convulsão. Postos, lado a lado, dia após dia em sessões no CineStar, pareciam radiografias de uma nação desnorteada. Afundado em contradições, eis o Brasil de Ex-pajé, Bixa travesty e O processo. Não houve uma única sessão das três obras em que não se escutassem aplausos em cena aberta ou gritos de apoio no final. Aliás, a primeira das exibições de O processo forneceu ao festival, fundado em 1951, um instante de ineditismo. “Aquela ovação de pé foi a primeira que tivemos em toda a história da Panorama”, relembraria, no dia seguinte, Paz Lázaro, no meio da Alte Potsdamer Str., ao encontrar Maria Augusta Ramos. Era verdade: a diretora de O processo havia sido aplaudida por quase 10 minutos tão logo os créditos começaram a subir.
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