O guru que desceu da montanha
Maharishi Mahesh Yogi difundiu a cultura espiritual indiana no Ocidente e quase se tornou um ícone pop
TEXTO Marcelo Abreu
02 de Maio de 2018
O guru Maharishi Mahesh Yogi
Ilustração Luísa Vasconcelos
Nos primeiros meses de 1968, o mundo acompanhava com preocupação o noticiário internacional que trazia sua dose habitual de horrores: Guerra do Vietnã, conflito em Biafra, tensão na Tchecoslováquia. Foi quando, da distante Índia, começaram a chegar informações de outra natureza, sobre um retiro espiritual. No livro The love you make, os autores ingleses Peter Brown e Steven Gaines escrevem sobre a expectativa gerada pela novidade: “Pela primeira vez em anos, os Beatles estavam isolados do mundo e a imprensa isolada deles. A falta de notícias sobre o que estava acontecendo no ashram fascinava o público. O mundo inteiro parecia saber que os Beatles tinham partido para a Índia para descobrir a ‘verdade’ e milhões aguardavam que eles descessem da montanha e espalhassem a ‘palavra’”. O homem por trás dessa aventura que fascinava os leitores de jornais e revistas há meio século era um místico sorridente de 50 anos, baixinho, cabelo grande, barba comprida grisalha e um buquê de flores nas mãos, o Maharishi Mahesh Yogi, popularmente conhecido como o guru dos Beatles.
Com a ida da banda para o seu retiro na Índia, a fama do Maharishi cresceu e, de figura já conhecida entre adeptos de filosofias orientais na Europa e nos Estados Unidos, ele passou a ser uma personalidade mundial, presença constante nas fotos de revistas ilustradas, na televisão, nos cinejornais. O retiro espiritual que atraiu a curiosidade internacional ficava em Rishkesh, então uma pequena cidade localizada aos pés da cadeia do Himalaia, às margens do Rio Ganges, considerado o mais sagrado da Índia. A região em torno, no estado de Uttarakhand, é conhecida como Devbhumi, a Terra dos Deuses.
A grande fama internacional facilitou a divulgação da técnica de meditação transcendental como solução para muitos problemas do mundo moderno, a expansão dos centros de ensino dedicados ao tema, e suscitou polêmicas sobre a eficiência da terapia. A cultura espiritual indiana, que já influenciava círculos restritos de intelectuais ocidentais desde o século XIX, agora entrava no mainstream.
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