No epicentro de sua conceituação artística para gerar mil mundos, residem a ironia e a criticidade. Na série Lembranças de paisagem (2016), por exemplo, um work in progress composto por cerca de 150 pinturas sobre flâmulas antigas, angariadas em feiras e mercados em todo o país, há uma crítica sutil à recorrente prática nacional do apagamento da memória. “Essas imagens eram reproduzidas e vendidas como cartões-postais, numa época em que o Brasil era o país do futuro. Mas, hoje, como lidamos com o fracasso dessa utopia?”, indaga o artista. Nas bandeirolas, croquis de metrópoles que, como o Rio de Janeiro do Pão de Açúcar tingido num bucólico verde-bandeira, hoje chafurdam em desorganização urbana, caos social e violência endêmica – ou seja, na “massa falida em forma de nação”, como lembra o artista pernambucano, que se autodefine como “brincalhão”. “Quem me conhece, sabe que sou irônico, faço greia, mas esse olhar sarcástico sobre situações que vejo e vivencio permite que a crítica esteja sempre presente no meu trabalho”, diz.
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