No caso de Jackie, o corte é ainda mais radical: o filme se concentra em apenas alguns dias na vida de Jacqueline Kennedy, cerca de uma semana após o assassinato do presidente John F. Kennedy, em 1963. Ela recebe o jornalista Theodore H. White, da revista Life, disposta a definir sua própria história – e a de seu marido, e a de Camelot, como ficou conhecido o “reino” dos Kennedy.
Mas o filme, com roteiro de Noah Oppenheim, alterna a entrevista com o assassinato em si, a organização do funeral, o cortejo, até momentos anteriores à tragédia, como a reprodução do famoso programa em que ela mostrou a sua Casa Branca. “Não nasci nos Estados Unidos, então também tive de entender, de sentir, ou não conseguiria fazer”, disse, em sessão de perguntas e respostas durante o Festival de Toronto. “Claro que é um filme político, mas quis fazer de maneira mais oblíqua, para estabelecer a conexão por meio de uma mulher que moldou como o país a vê.”
O longa dá oportunidade para Natalie Portman construir uma personagem contraditória, por vezes frágil, por vezes forte, que entende a importância de ter domínio sobre sua própria narrativa. Para a atriz, “existe uma responsabilidade por ser uma pessoa que existiu, mas, como o próprio filme diz, a verdade é uma versão e nem sempre os fatos são fatos”. Ela frisou que Jackie é uma ficção e não substitui um livro de história. “É a imaginação de uma pessoa que respeitamos como um ser humano complexo.”