Os anos se passaram e Caio foi aperfeiçoando sua técnica. Mudou-se para a capital paulista para fazer cursos e, agora, pretende tornar-se designer. “Quando fui pra São Paulo, me dediquei mesmo ao design”, conta. Ele ressalta que suas referências também estão nas artes plásticas. “Eu me considero mais artista do que designer. Tenho mais contato com essa área”, complementa Lobo.
Os produtos da linha Contra são feitos com matérias-primas consideradas inapropriadas pelo mercado. Foto: Espaço em Branco/Divulgação
Entre suas obras, destaca-se um rack feito com uma placa de cimento utilizada na construção de um mezanino. Para o Festival de Inverno de Garanhuns de 2015, Caio produziu uma cadeira em uma semana e a expôs na Casa Galeria Galpão. “Não finalizei do jeito que eu queria”, conta. O móvel apresenta a mesma estética de outros produzidos pelo artista. Dessa vez, ele usou ferro enferrujado, madeira e lona reutilizada de caminhão. Já no Design Weekend, que ocorreu em agosto, em São Paulo, Caio expôs três cadeiras iguais, mas feitas com diferentes materiais. Um dos assentos foi produzido com uma grade que tinha a função de proteção de motor. “Uma é de couro com madeira e a outra, de madeira com palhinha”, completa.
No rack, o designer utilizou vergalhão e metal-moeda. Foto: Espaço em Branco/Divulgação
Outra vez, Caio estava andando pelas ruas da zona norte do Recife, quando encontrou uma placa de cimento e pensou em criar algo com aquele material. Ele conta que pegou a placa, mas não sabe ainda o que fazer, porque são necessárias outras dessas. “Eu gosto de trazer peças diferentes, de dar outra função a elas”, ressalta Lobo, que mostra, durante a entrevista, um anel produzido com porca de parafuso comprada em loja de construção civil.
A luminária feita com madeira de demolição foi o primeiro
objeto criado por Caio. Foto: Espaço em Branco/Divulgação
Em entrevista à Continente, Caio fala que procura fugir do óbvio. “A quantidade de produção de móveis é muito grande. E, aí, para fazer diferente, eu uso esses materiais”, explica. Para o futuro, ele pretende se dedicar à sua produção e viver dela. Um pouco tímido, conta que desejaria incentivar outras pessoas em Pernambuco. “Quero mostrar que é possível trabalhar com marcenaria e criar coisas diferentes. Que podemos ser artistas também de móveis.”
MARIA EDUARDA BARBOSA, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.