Lucas dos Prazeres nasceu e foi criado com a força do maracatu e da dança no Morro da Conceição. Integrou o trio instrumental Rivotrill, circula desde 2013 com o espetáculo Frevo de casa (acompanhado do Maestro Spok, de Flaira Ferro e Valéria Vicente) e, há quatro anos, criou a Orquestra dos Prazeres – projeto que reúne 30 percussionistas em uma grande orquestra –, entre outros projetos.
Breno Lira, natural de Caruaru, é formado pela UFPE e pelo Conservatório Pernambucano de Música (CPM), onde também é professor. Já trabalhou com diversos artistas, como Yamandu Costa, Hermeto Pascoal, Silvério Pessoa e Lula Queiroga, além de ter integrado a SpokFrevo Orquestra e Treminhão. Sua formação erudita cedeu espaço já há alguns anos aos acordes dos ritmos populares pernambucanos.
Diretor musical de Geraldo Azevedo, César Michiles carrega em seus sopros de flauta a herança musical de seu pai, o compositor de frevo J. Michiles. Estudou no início dos anos 1990 na Manhattan School of Music e atua também como arranjador. Com apenas 11 anos, tocou ao lado do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Fagner, Chico César e Alceu Valença são alguns dos artistas com os quais César também se apresentou.
Antônio Marinho também convive, desde que nasceu, em São José do Egito, com arte e poesia. Neto de Lourival Batista, o Louro do Pajeú, o talento de criar sextilhas e rimas cantadas permanece na família. É que Marinho integra, junto a seus irmãos Greg e Miguel e sua mãe Bia, o grupo Em Canto e Poesia.
A decisão de juntar trajetórias tão distintas foi “pensada e pinçada”, segundo Amaro Filho. “A ideia, desde o começo, era a de que seriam quatro músicos polivalentes em seus instrumentos”, explica. Esse tal começo ocorreu no último mês de fevereiro, quando Françoise, âncora de um programa sobre música ao redor do mundo na Radio France, passou uma semana em Pernambuco produzindo matérias especiais.
Durante esse período, ela entrevistou diversos músicos e representantes da cultura popular local, como Naná Vasconcelos e os próprios Antônio Marinho, César Michiles e Lucas dos Prazeres. Amaro foi quem elaborou os roteiros da viagem. “No penúltimo dia, Françoise veio com essa história de querer montar um grupo para tocar no Festival de Nîmes, do qual é curadora”, lembra o produtor. No início, Amaro pensou em formar um duo. Mas Françoise preferiu um trio. “Aí eu disse: então vamos levar um quarteto! Mas já ouvi tanto papo de gringo, que deixei para lá, achei que não fosse rolar. No dia seguinte, ela me disse que já havia falado com o pessoal do festival e que já podíamos pensar nos nomes, incluindo músicos que havíamos visitado nessa estada.”
Criado para essa turnê francesa, o Pernambouc Quartet se configura até o momento como um projeto pontual. Mas a vontade de permanecer como um grupo, quando forem solicitados, está nas conversas dos músicos. “Todo mundo tem seus trabalhos independentes e ninguém vai deixá-los. Mas, pintando convite, por que não? Acho que tem que ganhar o mundo todo. Se não for nem Lucas, nem Breno, nem César nem o Em Canto e Poesia que querem, se for o Pernambouc Quartet, vamos embora”, arremata Marinho. C’est parti, então.
VALENTINE HEROLD, jornalista.