Teatro, cinema, música e visuais. Nas mais diversas áreas artísticas, é possível encontrar um pouco do trabalho do pernambucano Guilherme Luigi. Designer gráfico, ele atua em demandas pertencentes à produção cultural desde a graduação e, atualmente, desenvolve uma linha temática cuja ideia perpassa pelas paisagens gráficas com recursos de repetição e estamparias. Guilherme também utiliza o design como ferramenta para difusão de um trabalho de cunho memorial. Ele desdobra os elementos escolhidos e aplica-os em novos suportes, repondo-os depois em outros ambientes.
Dingbat Cobogó em exposição pelas ruas de São Paulo. Foto: Divulgação
A essência do seu trabalho se insere na técnica de colagens e sobreposições. A partir de uma pesquisa realizada pelo fotógrafo Josivan Rodrigues, sobre o cobogó em Pernambuco, o designer teve a ideia de desenvolver um dingbat, fonte digital que substitui letras e números por ícones e símbolos, baseado no elemento utilizado na construção civil. Quem foi ao Festival de Inverno de Garanhuns em 2013 e 2014 pôde encontrar intervenções de lambe-lambes com Dingbat Cobogó em galeria e pelas ruas da cidade.
Identidade visual criada para espetáculos do grupo Magiluth.
Imagem: Divulgação
Também inspirado em um projeto com Josivan Rodrigues, na exposição O sertão de Zé do Mestre, o designer explorou elementos ornamentais da identidade sertaneja, como o couro e gibão, para criar as Estampas gonzaguianas, livremente inspiradas na vida e obra do Rei do Baião. O trabalho é composto por três linhas, nas quais Guilherme aborda o sertão, a indumentária e a música de Luiz Gonzaga. No total, são 12 estampas, quatro para cada temática, com cortes contemporâneos e cores atualizadas. “Pra que não ficasse muito estereotipado”, ressalta o designer gráfico graduado pela UFPE e mestre em Design de Produto pela ELISAVA, em Barcelona.
Encarte do novo disco de Siba reúne elementos do Maracatu de Baque Solto.
Imagem: Divulgação
No teatro, ele foi responsável pela identidade visual dos cartazes de divulgação dos espetáculos do Grupo Magiluth desde o primeiro até o Luiz Lua Gonzaga. Inclusive, o nome do Festival de Teatro de Grupo do Recife, o TREMA!, foi uma sugestão dele. Com seu trabalho desenvolvido para o Centro de Artesanato de Pernambuco, realizado em conjunto com a empresa O Imaginário, Guilherme ganhou um prêmio de destaque na 10ª Bienal Brasileira de Design Gráfico.
Identidade visual do Centro de Artesanato de Pernambuco foi destaque na Bienal do Design Gráfico. Imagem: Divulgação
Na música, o designer atuou na produção dos encartes de discos de artistas como Isaar, Bonsucesso Samba Clube e mais recentemente Siba. Neste último, foram criadas duas tipografias. “Na verdade, desenvolvi junto com Mayara Bione que trabalha comigo. Ela bordou o nome Siba a mão. A gente também colou os vidrilhos e com isso compôs o nome Siba e De baile solto”, revela Luigi. Já no cinema ele foi responsável pelos letters do filme Ventos de agosto, de Gabriel Mascaro.
Guilherme ficou responsávela pela elaboração dos letters do
filme Ventos de agosto. Imagem: Divulgação
O designer vive e trabalha no centro do Recife. Seu escritório fica no Edifício Pernambuco, na Orbe Coworking, do qual é sócio junto com Ticiano Arraes. Para ele, seus projetos são influenciados pela localização central. “Muitos dos elementos que compõem essa paisagem do centro são temática para trabalhos que proponho”, conta Guilherme Luigi, que, atualmente, desenvolve dingbats sobre calçadas de pedras portuguesas do Recife e ladrilho hidráulico, além de preparar uma nova linha de estampas inspirada no acervo tridimensional de arte do Museu da Cidade do Recife.
MARIA EDUARDA BARBOSA, estudante de Jornalismo e estagiária da revista Continente.