Suas narrativas em papel já ilustraram publicações nacionais e também compuseram peças publicitárias de marcas como Coca-Cola, Unilever, Havaianas e Tim. O seu processo de criação tem início em esboços manuais, que depois ganham forma e dimensão espacial. Montada a ambientação – quase sempre rica em detalhes, camadas e texturas – e com os personagens posicionados, chega o momento de fazer o registro fotográfico, que documentará o trabalho e seguirá para o destinatário, seja editorial ou publicitário.
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Segundo ele, quem atua no campo da criação não desliga nunca, e é justamente no cotidiano que surgem as inspirações para os projetos. “Muitos dos meus personagens nascem, por exemplo, de objetos. Um abajur pode ser o ponto de partida para os traços de uma de minhas figuras”, conta, destacando que não produz apenas a partir da demanda de clientes. Giovani desenvolve projetos autorais, como a série Pin-ups – na qual buscou novas possibilidades de formas, optando por não usar volumes sólidos, mas luz.
Nas ilustrações para O Mágico de Oz, a iluminação teve papel fundamental.
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Essas explorações livres trouxeram outras interessantes descobertas. “Na maior parte das vezes, são mudanças processuais, mas que acabam resultando em uma diferença substancial no resultado do trabalho, que pode ou não evoluir para outro caminho. Um exemplo disso foi quando comecei a construir personagens articulados, o que me levou à experiência da animação”, detalha.
Na série autoral Pin-Ups, Giovani optou pr não usar volumes sólidos. Imagem: Divulgação
Recentemente, o designer teve a oportunidade de viver novas experiências, ao ser convidado para criar capas de livros. A primeira foi para o clássico Viagem ao centro da terra, de Júlio Verne. Giovani trabalhou diversas camadas de ilustração (dessa vez, em digital), que trouxessem referências importantes da obra, num formato cíclico, dialogando com a trajetória dos personagens do livro. No quesito tipografia, ele optou por destacar o nome do autor, algo comum nas edições clássicas, e utilizou como base a Pheaton, uma fonte orgânica com irregularidades, que lhe permitiu criar ornamentos a partir dela.
O designer inicia um projeto com o esboço dos cenários e personagens, que depois ganham vida no papel. Imagem: Divulgação
“Fazer capas de livros tem sido uma experiência bem interessante. Tento propor uma nova leitura, trazer ideias que a obra possa sugerir, sem entrar em confronto com o discurso do autor. Quero que a capa surpreenda quem já leu o livro, e atraia quem não o leu. Leio e releio o texto diversas vezes, até que surjam as ideias.”
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Ele também ilustrou e fez capas para títulos como O mágico de Oz (Salamandra) e Os mundos de Teresa (Companhia das Letras). Foi nesse exercício com os livros que o designer passou a ter maior controle sobre a direção de fotografia, algo que vinha sendo desenvolvido há alguns anos, quando ele mesmo começou a fotografar suas criações. Foi nessas duas obras que Giovani conseguiu usar a luz com mais dramaticidade, transformado-a em parte da ilustração, quase com o mesmo peso dos personagens e cenários. “Nesses trabalhos, a luz muda de acordo com o que quero contar. Fica mais dura, mais suave, muda de temperatura, ou seja, ela conversa com a cena, e não fica ali parada apenas como uma fonte de iluminação”, descreve.
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O artista também acaba de finalizar as ilustrações para um livro de lendas e mitos do Japão, que será lançado pela Cosac Naif no início de 2015. Nesse projeto, ele usa o papel, mas com uma técnica bastante diferente, mais orgânica. Nela, o material é modelado através de um processo demorado, no qual é molhado, amassado e seco mais ou menos na posição em que deve ficar, variando em função da gramatura do papel usado. As experimentações e estudos do designer com dobras, texturas e camadas nesse material, independentemente da técnica, reforçam a sua busca em entender como se dá a relação entre as formas e o espaço, em imagens que saltam aos olhos.
MARIANA OLIVEIRA, editora-assistente da revista Continente.