Ao voltar, fez a primeira individual, 1959, na papelaria Lemac. Chamavam de “galeria”, como a Rozenblit, mas na verdade eram lojas que tinham uma parede em que expunham quadros. No Recife não havia galeria de arte. Conseguiu vender dois quadros. E na Associação Brasil-Estados Unidos. Novamente vendendo dois quadros. Vinte e duas composições abstratas, como faz até hoje, entre uma e outra paisagens. Hoje, já não mais do natural mas de fotos batidas pelo próprio artista.
Foi então, depois destas exposições, que resolveu fazer o curso livre da Escola de Belas Artes do Recife, tendo sido aluno de Lula Cardoso Ayres, painéis, decoração; Vicente do Rego Monteiro, natureza-morta; a irmã deste, Fêdora do Rego Monteiro, desenho; e Fernando Barreto, restauração em pintura.
O que me despertou interesse agora, e me leva a escrever estas linhas, são as recentes pinturas de Villa-Chan de releituras das paisagens de seu bisavô Jerônimo José Telles Júnior. Aliás é um escândalo que não haja à venda e até distribuídos nas escolas livros sobre o notável pintor pernambucano, suas paisagens, suas marinhas, tudo o que ele fez, tão impregnado da terra pernambucana. Villa-Chan, mantendo a tradição da pintura de paisagem, que nele vinha de longa data, dos seus primórdios com sua tia Raquel, e não apenas das atuais releituras, estendeu o trabalho às paisagens do Agreste e Sertão, Petrolina, Afogados da Ingazeira, Triunfo e outras paragens fora do estado, Aracaju, aldeias de Portugal.
A marchand Beth Araruna, leitora de Walter Benjamin, abriu a galeria Brasil Arte Contemporânea (Bart) com a finalidade de ampliar os limites para os artistas locais, criando o projeto O artista em seu atelier. Ao mesmo tempo em que ocorre a exposição no atelier do artista, esta exposição entra na rede mundial da Internet, site www.bart.com.br, e a exposição real tem como proposta apresentar o trabalho do artista, através de uma instalação museológica, ao público em geral e atingindo a área educativa, instituições de ensino médio, pelo Projeto Arte e Educação, organizando também um roteiro turístico-cultural para Recife-Olinda. A Bart existe desde 2000 e a partir de 2013 tornou-se Bartvirtual, tendo já organizado a exposição da artista Tina Cunha. Esta de Villa-Chan é pois a segunda. As visitas ao atelier podem ser agendadas, dias úteis das 14 às l7h, fones 34537904 e 91945066, Rua São Francisco de Paula, 371, última rua à direita, Av. Caxangá, no sentido cidade-subúrbio.
JOSÉ CLÁUDIO, artista plástico.