Os traços são delicados, ora formando flores, paisagens bucólicas e meninas singelas, ou figuras mais sombrias, com uma paleta de cores diferenciada. Alguns trabalhos caracterizam-se por um matiz psicodélico que pode se materializar em estampas, conteúdo editorial, cartazes e pôsteres. Independentemente do segmento para o qual está produzindo, a música sempre está presente nas obras de Daniela Hasse. Ela cria sob o efeito de trilhas sonoras que se refletem, de algum modo, naquilo que está sendo produzido. A música é, segundo ela, uma de suas maiores fontes de inspiração.
O material gráfico para shows e festivais foi fundamental à divulgação
de sua obra. Imagem: Reprodução
Durante sua adolescência, quando ouvia as canções de que gostava, tentava representá-las em seus traços. Além disso, cultivava uma forte relação com a cena musical da sua cidade. Daniela tinha uma banda e seus amigos faziam parte da agitação underground de Blumenau (SC) e mantinham selos independentes. Como já desenhava informalmente, recebia pedidos na base da “brodagem”, para compor cartazes para shows e eventos.
A designer é bastante requisitada para fazer layouts de discos. Imagem: Reprodução
Levou um tempo para que essa diversão adolescente se tornasse profissão. Daniela Hasse formou-se em Letras e ingressou em dois empregos públicos. Nas horas vagas, seguia desenhando com sua caneta Bic, até que uma amiga que trabalhava no polo têxtil da região indicou-a para atuar na criação de estampas da marca Colcci. Foi assim, sem qualquer orientação formal em design têxtil, que ela mudou os rumos da sua trajetória profissional.
Estampa produzida para a T_ Collection, exclusiva da C&A.
Imagem: Reprodução
Depois de alguns anos, ela trocou de empresa, foi para a Hering, em São Paulo. Em paralelo, seguiu criando cartazes e capas de discos. Nesse processo, teve que aprimorar seu modo de produção, passando também a utilizar o computador, numa dinâmica que antes se resumia a papel e caneta. Hoje, atuando como ilustradora freelancer, seu trabalho aparece em vários segmentos, mas a música está sempre lá.
MARIANA OLIVEIRA, repórter especial da revista Continente.