Assim é que, enquanto animais selvagens, mágicos e palhaços caraterizam os picadeiros ocidentais, destreza, precisão e equilíbrio na utilização de utensílios domésticos distinguem os espetáculos chineses do gênero, como ocorre nos 15 números executados em Sky mirage II.
Durante 100 minutos, performances de contorcionismo, diábolo, mergulho na argola e roda-gigante ajudam a contar a história de amor entre a Fabulosa Ave Fênix e o Sol. Comprometida com sua busca pela luminosidade do astro, a ave tem como maior desejo que os dois se tornem um único e harmonioso elemento. Não obstante esse enredo mítico, o processo de globalização vem proporcionando a inserção de outros elementos do entretenimento aos espetáculos do Circo da China, como música, dança, iluminação, figuração e computação gráfica, transformando as apresentações num verdadeiro show business, compatível com estratégias de companhias modernas, como a canadense Cirque du Soleil.
RIGOR
Para atuar e executar os complexos números, os jovens acrobatas que compõem a trupe iniciam o treinamento muito cedo, por volta dos 6 anos de idade. Em regime de internato, aliam estudo formal e técnica circense. Somente após 10 anos de esforço é que podem concorrer a um lugar na mais antiga companhia de profissionais das artes acrobáticas em circulação na China desde a Fundação da República Popular. Apesar do rigor, não deixam de esbanjar simpatia em cena. Esse comportamento atraiu até a apresentadora Hebe Camargo, quando os acrobatas participaram de um de seus programas de TV, há 11 anos. Ela se tornou madrinha do Circo da China no Brasil e compareceu à primeira apresentação da atual turnê do grupo no país, em julho, em São Paulo.
O espetáculo Sky mirage II estreou em novembro do ano passado, na China. Dirigido por Zhang Shouhe, coreógrafo e professor de dança moderna do Instituto de Dança de Pequim, a montagem levou um ano para ser concebida e teve investimento de cinco milhões de dólares. Há um mês, a trupe deu início à sua sexta temporada no Brasil. Além do Recife, passará por mais sete capitais. Depois dos espetáculos no país, os acrobatas voltam para Shenyang, cidade do nordeste chinês (Liaoning), sede do grupo. O Circo da China já visitou, até hoje, os cinco continentes, apresentando-se em mais de 50 países e 200 cidades.
PEDRO PAZ, estudante de Jornalismo e estagiário da Continente.