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Em meio às engrenagens

TEXTO Mario Gioia

01 de Maio de 2011

Mario Gioia

Mario Gioia

Foto Patrícia Stavis/Divulgação

Com a abertura da SP Arte agora no dia 12 de maio, a 7ª edição da feira paulistana pode atestar de modo mais vigoroso o bom momento da arte brasileira, incluindo o lado dos negócios. Se o evento do ano passado foi celebrado pelo grande número de visitantes estrangeiros – entre eles, diretores de instituições, colecionadores de monta e curadores diversos – a reboque do renascimento da Bienal de São Paulo, em sua 29ª edição, conhecida agora como “Bienal da retomada”, a versão 2011 da feira deve ampliar a sua importância.

Além das tradicionais galerias, que devem exibir suas grandes estrelas, a organização de feiras como a SP Arte tenta criar expedientes menos mercadológicos, ao menos a priori. Assim, convidados internacionais ministram palestras – o evento paulistano tentava confirmar o nome da curadora britânica Tanya Barson, da Tate Modern, e o de Agustín Pérez Rubío, do Musac –, um andar inteiro é destinado a instalações de grandes dimensões – podem ser destacadas a de Ana Holck, pela Zipper, reeditando peça que esteve no CCBB carioca até janeiro passado, e a do lituano Zilvinas Kempinas pela Leme – e editoras estrangeiras instalam seus estandes no Pavilhão da Bienal niemeyeriano. Galerias do exterior, como a Stephen Friedman londrina e a La Fabrica madrilena, também marcam presença no edifício localizado no Parque Ibirapuera.

Alguns artistas torcem o nariz para as feiras, mas elas são importantes catalisadores da circulação de obras de arte. Inúmeros acervos museológicos têm aquisições importantes fechadas nos diminutos espaços típicos de tais eventos. Não dá para pensar a forte presença de artistas brasileiros em instituições espanholas sem a Arco, que ocorre anualmente em fevereiro na capital espanhola. Mesmo já tendo vivido melhores dias, a feira de Madri continuará sendo um importante cartão de visitas de variadas produções nacionais, dentro de um escopo latino-americano (que a Arco quer incrementar). E, mesmo na SP Arte, museus como a Pinacoteca do Estado conseguem ampliar seu acervo a partir da doação de patrocinadores. Na edição 2010 do evento, jovens artistas do Ateliê Fidalga, como Carla Chaim, Henrique de França e Julia Kater, fizeram elogiáveis site specifics no meio do edifício.

Outras feiras de peso dentro do cenário internacional voltarão seu foco para o Brasil, hoje mais detidamente (em razão do refreado comércio de obras de outros emergentes de produção não tão fortes, como Índia e Rússia), como a Frieze londrina e a suíça Basel (esta ainda mais forte neste ano, pela proximidade de datas com a Bienal de Veneza).

Ao final, cifras expressivas, recordes quebrados e outras informações similares percorrerão o noticiário. Para os mais ligados às artes, uma feira pode não ser o lugar mais agradável e adequado para a exibição de trabalhos, mas o sistema de arte já a incorporou como ferramenta essencial dentro da sua engrenagem. 

MARIO GIOIA, jornalista, crítico de arte e curador independente. 

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